Isso é assim para mim!
Um dos diversos estudos
da filosofia se chama de fenomenologia, um nome comprido e complicado, mas de
entendimento bastante simples. A fenomenologia nasceu pelas mãos de Edmund
Husserl, um dos mais influentes filósofos do início do século XX. Vindo do
grego phainesthai, significa aquilo
que se apresenta ou se mostra; unida à palavra também grega logos, neste caso significando
explicação, estudo. Unindo as duas palavras temos o estudo dos fenômenos, ou
seja, o estudo daquilo que se apresenta, se mostra. Desde a sua origem, a
grande preocupação da fenomenologia é mostrar as coisas como elas são tanto
quanto possível. Traduzindo de outra forma pode se dizer que a fenomenologia
buscar ver as cosias como elas são para a pessoa, considerando-se que cada um
apresenta maneiras diferentes de entender uma mesma informação.
Assim, se você levantar
os olhos nesse momento e olhar tudo que está a seu redor vai perceber muitos
fenômenos, pois muitas informações se apresentam aos seus sentidos e são transformadas
em consciência. Mas, se você pedir que a pessoa sentada a seu lado faça o mesmo
movimento de levantar os olhos e descrever o que ela vê, provavelmente fará um
relato diferente do seu. Não que o que estava ao redor mudou, ou seja, ficou
diferente, mas os conteúdos dos sentidos tornados consciência foram diferentes.
Para você, por exemplo, a descrição pode ter como base elementos visuais, para
a pessoa que está a seu lado a descrição pode ter como base dados olfativos. E,
mesmo que tenham o dado visual como base, cada um pode e provavelmente vai
perceber coisas diferentes. Isso não é bom nem mau, nem certo ou errado, mas a
forma como cada um percebe o mundo que o rodeia.
Se isso for compreendido
é possível entender que, quando seu filho fala que a cidade onde ele mora é
suja, não tem o que fazer, é um lugar de pessoas mais velhas, é assim para ele.
Seu filho não está dizendo que a cidade que você vê, uma cidade limpa, cheia de
opções e muita gente nova, está errada. Ele apenas está apontando o que se
apresenta às suas vistas, fenomenologicamente. A representação que cada um
montou a respeito da cidade é diferente em função de diversas coisas, uma delas
pode ser a idade, visto que cada um
freqüenta lugares diferentes da cidade e tem diferentes gostos por diversão.
Ignorar que cada pessoa
tem um ponto de vista subjetivo da realidade que o cerca é desconsiderar a
existência do outro. Quando isto acontece, vemos coisas grotescas, como dizer
que uma pessoa é triste porque não teve pai e nem mãe. É como dizer que um
menino ou menina é o que é por causa de sua condição social na infância. Não
sabemos como a outra pessoa representa o que viveu, para muitos foi exatamente
um passado difícil que fez deles pessoas maravilhosas. O ideal seria você
perceber que o mundo só é como você o vê para si mesmo.
Rosemiro A. Sefstrom