Encontro Nacional

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Anfitrião

Nos últimos tempos tive o privilégio de atender algumas grávidas, ajudá-las a passar por um momento que nem sempre é de alegria. No trabalho com uma delas me chamou atenção sua preocupação com o mundo para o qual traria seu filho. Dizia ela ter ouvido  muitas mulheres que alegam não querer filhos pela situação em que o mundo se encontra. Depois de um dos atendimentos me lembrei de Anfitrião. Cito um trecho do que pode ser encontrado na internet: “na mitologia grega, Anfitrião era marido de Alcmena, mãe de Hércules. Enquanto Anfitrião estava na guerra de Tebas, Zeus tomou a sua forma para deitar-se com Alcmena e Hermes tomou a forma de seu escravo, Sósia, para montar guarda no portão. Uma grande confusão foi criada, pois Anfitrião duvidou da fidelidade da esposa. No fim, tudo foi esclarecido por Zeus, e Anfitrião ficou contente por ser marido de uma escolhida do deus. Daquela noite de amor nasceu o semideus Héracles. A partir daí, o termo anfitrião passou a ter o sentido de "aquele que recebe em casa". O mesmo ocorreu com sósia — "cópia humana", ou seja, semelhança humana”. Antes de qualquer riso de canto de boca, é necessário entender que para um ser humano grego ter sua mulher escolhida por um Deus como sua amante era um privilégio, semelhante a Virgem Maria.
Desde então o termo Anfitrião é utilizado para a pessoa que recebe as pessoas em sua casa, que paga uma conta, que dirige um evento. Anfitrião é então aquele que recebe e orienta o que a pessoa irá viver enquanto estiver em sua companhia. Quando você recebe alguém em sua casa e é o Anfitrião, como é que você faz? Se eu fosse a sua casa, o que me mostraria? A sujeira embaixo do tapete, os restos de comida em potinhos na geladeira, o banheiro que ficou sujo, ou me ofereceria o que tem de melhor em sua casa? É provável que você, ao receber os amigos, se prepare, arrume a casa, compre o que é necessário para satisfazer seus convidados. Seguindo nesta linha de pensamento pensei na mulher grávida com quem conversava, não pensando-a como mãe, mas como uma Anfitriã. Agora, era a mãe que estava com um convidado para chegar, deveria ela estar preparando tudo para que seu convidado ficasse satisfeito.
A criança ao chegar ao mundo tem os pais por anfitriões, sua visão de mundo dependerá inevitavelmente do que for mostrado inicialmente pelos pais. Se os pais mostram à criança um mundo mau, violento, onde as pessoas se voltaram umas contra as outras, é provável que a criança viva este mundo. Não digo que os pais devem criar um mundo de fantasia, mas não precisam necessariamente criar um mundo mau. Quando uma pessoa vem me visitar mostro a ela a casa, os ambientes, como se vive na casa, mas também peço cuidado com o cachorro, pode morder. Dizer que existem perigos em minha casa não significa fazer do cachorro um monstro devorador de pessoas, deve-se apenas deixar ele no espaço dele.
Você, enquanto mãe, sabe em que mundo o seu filho virá? Eu sei: o mundo que você preparar para ele, um mundo no qual você é a anfitriã e pode direcionar de acordo com o que entende ser melhor. Ao longo da vida ele provavelmente vai construir a visão dele, esta pode ir contra, a favor, compor com a que aprendeu com você. Mas, antes de chegar à autonomia o mundo passa pelo filtro do anfitrião, que aponta o que e como viver. Para ser um bom anfitrião não basta estar preparado para os convidados, é necessário estar preparado de acordo com o convidado que virá. Qual é o seu convidado? O texto sobre Anfitrião foi retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfitri%C3%A3o (Acesso em 26.11.2013)

Rosemiro A. Sefstrom

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