Autogenia – Resumo IV
Para ser didático, você está lendo o quarto resumo sobre autogenia. Até
o momento já foram definidas as autogenias, tanto tópico quanto Submodo. Além
disso, também foram apresentados os modos pelos quais o filósofo define o
patamar autogênico da pessoa. Outro assunto que foi abordado, mas de forma
indireta, é o fato de que muitos assuntos que são trabalhados em clínica não
são de cunho autogênico. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que Autogenia,
enquanto Submodo, é recomendado apenas em alguns casos e não em todos os casos clínicos.
Por isso, uma recomendação séria, é que o filósofo observe se há a necessidade
de qualquer interferência desta natureza.
Ao longo das aulas, pela maneira como a Autogenia foi apresentada, fica
a impressão de que a mudança de patamar é boa e até mesmo recomendada.
Principalmente pela dificuldade linguista em se caracterizar o que seria
modificação autogência, geralmente apresentando movimentos menos mecânicos como
bons e mais mecânicos como ruins. No entanto, cada pessoa tem um patamar que
lhe é adequado, não bom e nem ruim, mas adequado à sua Estrutura de Pensamento.
Em alguns casos, fora trabalho clínico, é possível que algumas pessoas mudem de
patamar para melhorar qualitativamente sua existência. Sim, é possível, mas
mesmo este movimento de chamada “melhora” será de acordo com a própria
estrutura e não de acordo com a vontade da pessoa. Nem sempre movimentos
volitivos são saudáveis, usando um jargão: “Cuidado com o que desejas”. Por
isso são recomendadas intervenções via Autogenia somente de acordo com a
necessidade do trabalho clínico.
Outro fator que pode causar alguma confusão no estudo das autogenias é o
Exame das Categorias. Ao estudar as autogenias, o filósofo aprende nos Cadernos
de Filosofia Clínica, assim como com os autores que escreveram sobre o assunto,
como Nunes; Pedrosa (2000), que Autogenia “é o que
dará ao clínico, em interseção, a oportunidade de entender o relacionamento
funcional do que ocorre à EP da pessoa”. Fica claro que o que o filósofo estuda
no que diz respeito à Autogenia é o funcionamento interno dos conteúdos
agendados ao longo da vida. Então, de que servem os Exames das Categorias? As
categorias: Assunto, Circunstâncias, Tempo, Lugar e Relação são guias
históricos, um Plano Cartesiano Existencial no qual a pessoa se localiza diante
de tudo o que já viveu. As circunstâncias, o tempo, o lugar, a relação e os
assuntos mostram ao longo de sua história de onde ela saiu e para onde se
direciona. É possível perceber que ao mesmo tempo em que o Exame das Categorias
não tem interferência na elaboração autogênica é ele quem diz onde a pessoa
está e o quanto se movimentou ao longo de sua história.
Seguindo ainda com questões pontuais, outro tema que algumas
vezes gera confusão é a intencionalidade. De acordo com as aulas, o que faz com
que algo seja este algo uma ideia, uma sensação, um conceito, enfim, qualquer
elemento, será tanto ou mais vizinho quanto tiver intencionalidade sobre ele. Isso
causa confusão porque algumas pessoas entendem que nem tudo o que é vizinho foi
escolhido intencionalmente, pois acidentes, infortúnios acontecem e é possível
que tenha como vizinho um pneu furado, um aumento na conta de telefone, uma
discussão com a esposa, enfim, vizinhos que não são escolhidos, mas que se
apresentam por si só. Pode sim acontecer coisas ao longo da vida sobre as quais
não se tem controle, mas a atenção que se dedica sobre estas coisas sim. Ou
seja, pode sim um pneu furar, mas quanto de intencionalidade será dedicada a
isso é por conta de cada um. Mas o exemplo é com um pneu furado, existem cosias
mais sérias e estas não se têm como controlar a intencionalidade, isso é o que
dirão algumas pessoas. É até possível concordar, assim como também se pode
concordar que ao longo da vida a intencionalidade não foi educada a focar de
acordo com a “vontade”, mas deixada por conta própria. Por isso, um aluno se
coloca diante de um livro para estudar e sua intencionalidade está na menina
que conheceu pela manhã nos corredores da escola. Ela, naquele momento, é muito
mais vizinha dele do que o livro e tudo o que precisa estudar.
Outro elemento que está profundamente ligado às autogenias,
mas usualmente esquecido, é o fato de que vizinhos de naturezas diferentes
(patamares diferentes) podem até entrar em contato, mas não compõem entre si. Um
exemplo simples são a água e o óleo, são vizinhos de naturezas diferentes,
tanto são que podem até entrar em contato, mas não conseguem se misturar, ou
seja, compor. Amor e ódio, por exemplo, são vizinhos de mesma natureza, eles
não só entram em contato como compõem entre si. É por isso que é possível amar
e odiar a um só tempo. Ao observar os vizinhos, uma pessoa pode apontar
vizinhos diferentes, mas provavelmente não conseguirá apontar vizinhos de naturezas
diferentes que compõem entre si. Existem casos em que a pessoa segmenta sua
vida e nestes casos consegue ter vizinhos de naturezas diferentes, mas os
vizinhos de uma parte de sua vida não entram em contato com os vizinhos da
outra.
Para findar questões pontuais a respeito das autogenias, um
tema fundamental é a base autogênica. Quando se fala em identificação de
patamar autogênico, o filósofo está identificando a base a partir da qual irá
trabalhar, perceberá os movimentos que foram feitos pela estrutura ao longo da
sua história a partir do exame das categorias. A base sobre a qual a Estrutura
de Pensamento se apoia é a base autogênica. Esta base pode ser formada por
diversos elementos que serão observados na historicidade da pessoa.
Principalmente nos elementos ligados ao tópico ou tópicos com força autogênica.
Em muitos casos uma pessoa quer fazer movimentos autogênicos, mas não tem o
horizonte de sua base atual e a base que lhe seria adequada pela conformação de
sua estrutura. Sem clareza de sua base autogênica qualquer movimento pode ser
problemático, pois menor ou maior mecanicidade ou movimento horizontal da
estrutura devem ser vistos a partir da base atual e dos movimentos que a EP já
fez. Desta forma, sempre, absolutamente sempre, é preciso ter clareza da base e
somente depois disso recomendar qualquer tipo de movimento autogênico.
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