Encontro Nacional

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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

AUTOGENIA (Resumo)

Definições
Tópico 30 - Autogenia
O termo faz alusão ao Tópico 30 da EP como ao submodo 27. Como Estrutura de Pensamento, informa como a pessoa está estruturada, como os tópicos estão inter-relacionados; vê se há choques, se um tópico reforça ou anula outro. Segundo Packter, Autogenia “é o que dará ao clínico, em interseção, a oportunidade de entender o relacionamento funcional do que ocorre à EP da pessoa”. A EP é constituída de dados sensoriais, abstratos, espirituais, etc. Os exames de Autogenia nos mostrarão como isso ocorre. (NUNES; PEDROSA, 2000, p. 19).
No Tópico 27, foi vista a análise de estrutura, o entendimento daquele tópico revela a Estrutura de Pensamento como conjunto dos tópicos, literalmente, enquanto estrutura. Agora, na Autogenia, já não há mais a preocupação quanto aos tópicos em relação à EP e à estrutura considerada como formação, mas em relação ao funcionamento da mesma. Quando o filósofo se ocupa da Autogenia, ele estudará os tópicos sob o aspecto da relação e verá os choques, o que reforça e o que enfraquece a estrutura enquanto funcionamento. Para deixar o mais claro possível, Packter diz que Autogenia “(como tópico da EP) é a denominação da configuração, da associação, da inter-relação que os tópicos da EP têm entre eles mesmos”.
A partir dessas relações é que o filósofo poderá determinar a melhor ação a ser tomada enquanto percebe na estrutura as portas de acesso dos conteúdos da pessoa. Esses cuidados são tomados para não associar conteúdos de tópicos diferentes e conflitantes em um mesmo submodo. Também como maneira de evitar entrar em certas questões que alteram o funcionamento da EP e inviabilizam a clínica, como entrar em questões com demandas muito fortes, falar de assuntos que a pessoa desmerece e tudo o mais que os estudos em clínica puderem revelar.
Os autores que fundamentam esse tópico são: Cantor; Kant; Russell

Submodo 27- Autogenia
Como submodo, objetiva organizar os submodos para modificar a organização tópica. “É a organização orientada da EP, feita pelo filósofo clínico, via interseção, para que dê à pessoa um rumo mais recomendável” (Caderno de Submodos). (PEDROSA, 2000, p. 19).
Enquanto tópico, a Autogenia mostra como está organizada a EP da pessoa, quais as relações tópicas e em que isso implica na vida da pessoa. Quando se trabalha Autogenia enquanto submodo, é possível ver como se pode elevar o nível de funcionamento, ou seja, fazer com que a pessoa tome um rumo em direção às coisas que tornam sua EP producente. A diferença entre uma EP em baixo nível de funcionamento e uma elevada é de grande simplicidade, quanto mais baixo o nível de funcionamento de uma EP, mais mecânicas as coisas se tornam. Uma Estrutura de Pensamento com um nível de funcionamento elevado se torna mais leve, etérea, de maneira que os problemas se tornam cada vez mais solúveis e menos trabalhosos. Quando nossa EP pega um caminho, tanto para cima quanto para baixo, a tendência é que siga o movimento inercial. Para que isso não aconteça, o filósofo, a partir da historicidade da pessoa, abre janelas para cima e, a partir de uma primeira, muitas outras se abrirão. Como a pessoa que vem ao terapeuta em um nível de funcionamento muito baixo, preocupado em pagar contas, lavar o carro, ir pagar as contas, cortar a grama, tudo isso é cansativo, incomoda. O clínico percebe que, para abrir janelas para cima, é preciso agendar coisas que tenham a ver com passeios, viagens, caminhadas. A partir de então, a pessoa continua resolvendo tudo o que resolvia antes, mas parece que algumas coisas se resolvem sozinhas, ela estranhamente começa a ter o que se chama de sorte.
Temos de lembrar a pertinência disso na vida da pessoa, não é porque aparentemente é bom ter a Autogenia elevada que será feito isso. Pense numa pessoa que está em final de conclusão de curso, tem muitos trabalhos a fazer, pesquisas. Algumas pessoas, quando tem a Autogenia elevada, tiram os pés do chão e acabam esquecendo a materialidade. Por isso, quando necessário e somente quando bem estudado, é possível fazer esse movimento.

Tipos de Autogenia:

Horizontal
A autogenia horizontal é assim chamada pelo movimento que a Estrutura de Pensamento faz dentro de um mesmo patamar. Este tipo de movimento provoca alterações na estrutura, mas não capazes de fazê-la mudar de nível, são movimentos que mudam apenas os conteúdos com os quais a EP entra em contato dentro de um mesmo nível.

Vertical
Vertical é o tipo de movimento que acontece quando pela organização da EP há uma elevação autogênica. Este movimento tanto pode ser de ascendência quanto de descendência, em outras palavras, a organização pode tanto levar a pessoa para cima quanto para baixo. Esta movimentação acontece quando um tópico tem força de tração autogênica. Assim, quando a EP é ordenada e vive a partir dos pressupostos do tópico determinante pode haver movimentação vertical da estrutura com um todo. Diferente do movimento horizontal, este tipo de movimento coloca a EP em contato com conceitos de outras naturezas. Por isso é recomendado um movimento lento e estruturado para que a ascensão autogênica possa ser segura e sustentável.

Transversal
Nas autogenias transversais a modificação de padrão autogênico acontece pelo contato com “coisas” que estão fora dos nossos padrões existenciais. O contato com estas coisas que se aproximam de nós ou nós nos aproximamos delas é feito geralmente de maneira muito equívoca. Essas equivocidades acontecem pela falta de linguagem que possa fazer o transito de conteúdos dialógicos de um ser para o outro. No entanto, nos, pela nossa origem acabamos por humanizar as “coisas” com as quais entramos em contato, até mesmo como uma forma de explicar ou entender. A forma como se dá o contato com outras coisas na autogenia transversal já não entra mais na qualificação de sustentação e vizinhança, ainda mais diferente segue a questão de que este contato pode fugir aos caracteres dos exames das categorias.

Modificações de padrão autogênico
Para modificar um padrão autogênico é necessário primeiro se fazer algumas questões:
- Se eu mudar de padrão estou disposto a deixar algumas coisas para trás? A resposta desta pergunta é necessária, pois nem tudo ou todos que convivem com a pessoa neste patamar a acompanharão no próximo. O problema é, que em alguns casos, o filho, a esposa, amigos, não vão conseguir acompanhar.
- Essa modificação de padrão é sustentável? Ou seja, será que a EP tem estrutura para se manter no padrão para o qual está se deslocando? Pode ser que aquela EP tenha conteúdos e possibilidades de depuração apenas para modificações horizontais, que já seriam uma grande coisa.
- Mudar de padrão autogênico fará bem a pessoa? Nem todas as pessoas precisam de modificações de padrão vertical, algumas nem mesmo de modificações horizontais. Para algumas pessoas o problema em nada tem a ver com modificações autogênicas, seus problemas são pontuais.
Existem outras questões que podem ser feitas na caminhada antes de promover qualquer movimento na EP do partilhante, mas estas constituem as mais importantes.
Uma vez que estão respondidas as questões o terapeuta parte do tópico com força de tração autogênica e inicia a potencialização deste tópico de modo a promover o movimento. Em alguns casos será necessário primeiro ensinar e somente depois potencializar (depurar) o tópico ou conjunto de tópicos para alcançar o resultado. A partir do momento que começa a acontecer a elevação do padrão o partilhante começa a entrar em contato com uma nova “vizinhança”, a elevação vai se efetivar na medida que essa “vizinhança” se tornar familiar. Nos primeiros tempos é provável que a “vizinhança” anterior faça força tracionando a EP para baixo, caso a familiaridade com o novo padrão não seja forte o suficiente pode acontecer haver regresso ao patamar anterior. Mas, na medida que a pessoa ganhar familiaridade, logo estará estabelecida e segura no novo patamar.
A “vizinhança” é um vice-conceito utilizado para apontar que há uma depuração estrutural onde a EP entra em contato com novos conteúdos. Por isso as duas recomendações iniciais, pois esse contato pressupões deixar alguns conteúdos anteriores de lado e também o tempo para criar intimidade. A fluência com estes novos conteúdos é que vai ou não garantir a permanência da pessoa no novo patamar. Sendo assim, por vizinho, pode se entender outras emoções, conhecimentos, pessoas, experiências, enfim, conteúdos do novo padrão.
As modificações de padrões autogênicos provocam profundas mudanças na pessoa como um todo visto que toda a EP acaba por sofrer depurações. Em patamares mais altos conceitos mecânicos deixam de fazer sentido, sua existência é apenas referência a algo que não lhes diz mais respeito. Aproximações e relacionamentos se dão por afinidade, o mesmo acontece com os direcionamentos existenciais, não existe mais uma preocupação intensa e vigiada sobre o caminho que será trilhado. Em níveis pouco acima dos que se vive de maneira geral as alterações já são consideráveis nos modos de vida que se tem. Pode acontecer de algumas pessoas utilizarem palavras que as aproximam de patamares autogênicos mais elevados, no entanto não existe elevação, mas aproximação lingüística.
Achar que existem grandes alterações de padrões autogênicos é um sonho, apenas em alguns raros casos isso é verificável. Na maior parte dos casos existe um pequeno movimento, mas que quando bem feito provoca profundas alterações na vida da pessoa. Há ainda o problema das pseudo modificações, provocadas algumas vezes por produtos químicos, medicamentos, eventos espirituais, enfim, movimentos de alteração episódica. Estes movimentos são comuns a algumas pessoas, a outras causam transtornos, pois o movimento não é previsto e nem aceitável em sua EP.
Outra maneira de provocas ascensão autogênica é ensinar a pessoa a soltar-se a sua EP. Esse modo é um tanto mais complexo visto que os caminhos não são previstos em sua maior parte, diferente do caminho convencional. Pela falta de previsibilidade, também chamada controle, boa parte das pessoa prefere fazer o contrário, amarrar sua EP ao modo como elas acham que deve funcionar. Mas, ao soltar-se à sua EP é provável que a própria estrutura mostre qual é o caminho adequado de elevação.

Representação Gráfica


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