AUTOGENIA (Resumo)
Definições
Tópico 30 - Autogenia
O termo faz alusão ao Tópico 30 da EP como ao submodo 27. Como Estrutura
de Pensamento, informa como a pessoa está estruturada, como os tópicos estão
inter-relacionados; vê se há choques, se um tópico reforça ou anula outro.
Segundo Packter, Autogenia “é o que dará ao clínico, em interseção, a
oportunidade de entender o relacionamento funcional do que ocorre à EP da
pessoa”. A EP é constituída de dados sensoriais, abstratos, espirituais, etc.
Os exames de Autogenia nos mostrarão como isso ocorre. (NUNES; PEDROSA, 2000,
p. 19).
No Tópico 27, foi vista a análise de estrutura, o entendimento daquele
tópico revela a Estrutura de Pensamento como conjunto dos tópicos,
literalmente, enquanto estrutura. Agora, na Autogenia, já não há mais a
preocupação quanto aos tópicos em relação à EP e à estrutura considerada como
formação, mas em relação ao funcionamento da mesma. Quando o filósofo se ocupa
da Autogenia, ele estudará os tópicos sob o aspecto da relação e verá os
choques, o que reforça e o que enfraquece a estrutura enquanto funcionamento.
Para deixar o mais claro possível, Packter diz que Autogenia “(como tópico da
EP) é a denominação da configuração, da associação, da inter-relação que os
tópicos da EP têm entre eles mesmos”.
A partir dessas relações é que o filósofo poderá determinar a melhor ação
a ser tomada enquanto percebe na estrutura as portas de acesso dos conteúdos da
pessoa. Esses cuidados são tomados para não associar conteúdos de tópicos
diferentes e conflitantes em um mesmo submodo. Também como maneira de evitar
entrar em certas questões que alteram o funcionamento da EP e inviabilizam a
clínica, como entrar em questões com demandas muito fortes, falar de assuntos
que a pessoa desmerece e tudo o mais que os estudos em clínica puderem revelar.
Os autores que
fundamentam esse tópico são: Cantor; Kant; Russell
Submodo 27- Autogenia
Como submodo, objetiva organizar os submodos para modificar a organização
tópica. “É a organização orientada da EP, feita pelo filósofo clínico, via
interseção, para que dê à pessoa um rumo mais recomendável” (Caderno de
Submodos). (PEDROSA, 2000, p. 19).
Enquanto tópico, a Autogenia mostra como está organizada a EP da pessoa,
quais as relações tópicas e em que isso implica na vida da pessoa. Quando se
trabalha Autogenia enquanto submodo, é possível ver como se pode elevar o nível
de funcionamento, ou seja, fazer com que a pessoa tome um rumo em direção às
coisas que tornam sua EP producente. A diferença entre uma EP em baixo nível de
funcionamento e uma elevada é de grande simplicidade, quanto mais baixo o nível
de funcionamento de uma EP, mais mecânicas as coisas se tornam. Uma Estrutura
de Pensamento com um nível de funcionamento elevado se torna mais leve, etérea,
de maneira que os problemas se tornam cada vez mais solúveis e menos
trabalhosos. Quando nossa EP pega um caminho, tanto para cima quanto para
baixo, a tendência é que siga o movimento inercial. Para que isso não aconteça,
o filósofo, a partir da historicidade da pessoa, abre janelas para cima e, a
partir de uma primeira, muitas outras se abrirão. Como a pessoa que vem ao
terapeuta em um nível de funcionamento muito baixo, preocupado em pagar contas,
lavar o carro, ir pagar as contas, cortar a grama, tudo isso é cansativo,
incomoda. O clínico percebe que, para abrir janelas para cima, é preciso
agendar coisas que tenham a ver com passeios, viagens, caminhadas. A partir de
então, a pessoa continua resolvendo tudo o que resolvia antes, mas parece que
algumas coisas se resolvem sozinhas, ela estranhamente começa a ter o que se
chama de sorte.
Temos de lembrar a
pertinência disso na vida da pessoa, não é porque aparentemente é bom ter a
Autogenia elevada que será feito isso. Pense numa pessoa que está em final de
conclusão de curso, tem muitos trabalhos a fazer, pesquisas. Algumas pessoas,
quando tem a Autogenia elevada, tiram os pés do chão e acabam esquecendo a
materialidade. Por isso, quando necessário e somente quando bem estudado, é
possível fazer esse movimento.
Tipos
de Autogenia:
Horizontal
A autogenia horizontal é
assim chamada pelo movimento que a Estrutura de Pensamento faz dentro de um
mesmo patamar. Este tipo de movimento provoca alterações na estrutura, mas não
capazes de fazê-la mudar de nível, são movimentos que mudam apenas os conteúdos
com os quais a EP entra em contato dentro de um mesmo nível.
Vertical
Vertical é o tipo de
movimento que acontece quando pela organização da EP há uma elevação
autogênica. Este movimento tanto pode ser de ascendência quanto de
descendência, em outras palavras, a organização pode tanto levar a pessoa para
cima quanto para baixo. Esta movimentação acontece quando um tópico tem força
de tração autogênica. Assim, quando a EP é ordenada e vive a partir dos
pressupostos do tópico determinante pode haver movimentação vertical da
estrutura com um todo. Diferente do movimento horizontal, este tipo de
movimento coloca a EP em contato com conceitos de outras naturezas. Por isso é
recomendado um movimento lento e estruturado para que a ascensão autogênica
possa ser segura e sustentável.
Transversal
Nas autogenias
transversais a modificação de padrão autogênico acontece pelo contato com
“coisas” que estão fora dos nossos padrões existenciais. O contato com estas
coisas que se aproximam de nós ou nós nos aproximamos delas é feito geralmente
de maneira muito equívoca. Essas equivocidades acontecem pela falta de
linguagem que possa fazer o transito de conteúdos dialógicos de um ser para o
outro. No entanto, nos, pela nossa origem acabamos por humanizar as “coisas”
com as quais entramos em contato, até mesmo como uma forma de explicar ou
entender. A forma como se dá o contato com outras coisas na autogenia
transversal já não entra mais na qualificação de sustentação e vizinhança, ainda
mais diferente segue a questão de que este contato pode fugir aos caracteres
dos exames das categorias.
Modificações
de padrão autogênico
Para modificar um padrão
autogênico é necessário primeiro se fazer algumas questões:
- Se eu mudar de padrão
estou disposto a deixar algumas coisas para trás? A resposta desta pergunta é
necessária, pois nem tudo ou todos que convivem com a pessoa neste patamar a
acompanharão no próximo. O problema é, que em alguns casos, o filho, a esposa,
amigos, não vão conseguir acompanhar.
- Essa modificação de
padrão é sustentável? Ou seja, será que a EP tem estrutura para se manter no
padrão para o qual está se deslocando? Pode ser que aquela EP tenha conteúdos e
possibilidades de depuração apenas para modificações horizontais, que já seriam
uma grande coisa.
- Mudar de padrão
autogênico fará bem a pessoa? Nem todas as pessoas precisam de modificações de
padrão vertical, algumas nem mesmo de modificações horizontais. Para algumas
pessoas o problema em nada tem a ver com modificações autogênicas, seus
problemas são pontuais.
Existem outras questões
que podem ser feitas na caminhada antes de promover qualquer movimento na EP do
partilhante, mas estas constituem as mais importantes.
Uma vez que estão
respondidas as questões o terapeuta parte do tópico com força de tração
autogênica e inicia a potencialização deste tópico de modo a promover o
movimento. Em alguns casos será necessário primeiro ensinar e somente depois
potencializar (depurar) o tópico ou conjunto de tópicos para alcançar o
resultado. A partir do momento que começa a acontecer a elevação do padrão o
partilhante começa a entrar em contato com uma nova “vizinhança”, a elevação
vai se efetivar na medida que essa “vizinhança” se tornar familiar. Nos
primeiros tempos é provável que a “vizinhança” anterior faça força tracionando
a EP para baixo, caso a familiaridade com o novo padrão não seja forte o
suficiente pode acontecer haver regresso ao patamar anterior. Mas, na medida
que a pessoa ganhar familiaridade, logo estará estabelecida e segura no novo
patamar.
A “vizinhança” é um
vice-conceito utilizado para apontar que há uma depuração estrutural onde a EP
entra em contato com novos conteúdos. Por isso as duas recomendações iniciais,
pois esse contato pressupões deixar alguns conteúdos anteriores de lado e
também o tempo para criar intimidade. A fluência com estes novos conteúdos é
que vai ou não garantir a permanência da pessoa no novo patamar. Sendo assim,
por vizinho, pode se entender outras emoções, conhecimentos, pessoas, experiências,
enfim, conteúdos do novo padrão.
As modificações de
padrões autogênicos provocam profundas mudanças na pessoa como um todo visto
que toda a EP acaba por sofrer depurações. Em patamares mais altos conceitos
mecânicos deixam de fazer sentido, sua existência é apenas referência a algo
que não lhes diz mais respeito. Aproximações e relacionamentos se dão por
afinidade, o mesmo acontece com os direcionamentos existenciais, não existe
mais uma preocupação intensa e vigiada sobre o caminho que será trilhado. Em
níveis pouco acima dos que se vive de maneira geral as alterações já são
consideráveis nos modos de vida que se tem. Pode acontecer de algumas pessoas
utilizarem palavras que as aproximam de patamares autogênicos mais elevados, no
entanto não existe elevação, mas aproximação lingüística.
Achar que existem grandes
alterações de padrões autogênicos é um sonho, apenas em alguns raros casos isso
é verificável. Na maior parte dos casos existe um pequeno movimento, mas que
quando bem feito provoca profundas alterações na vida da pessoa. Há ainda o
problema das pseudo modificações, provocadas algumas vezes por produtos
químicos, medicamentos, eventos espirituais, enfim, movimentos de alteração
episódica. Estes movimentos são comuns a algumas pessoas, a outras causam
transtornos, pois o movimento não é previsto e nem aceitável em sua EP.
Outra maneira de provocas
ascensão autogênica é ensinar a pessoa a soltar-se a sua EP. Esse modo é um
tanto mais complexo visto que os caminhos não são previstos em sua maior parte,
diferente do caminho convencional. Pela falta de previsibilidade, também
chamada controle, boa parte das pessoa prefere fazer o contrário, amarrar sua
EP ao modo como elas acham que deve funcionar. Mas, ao soltar-se à sua EP é
provável que a própria estrutura mostre qual é o caminho adequado de elevação.
Representação
Gráfica
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