Posto este vídeo recomendado por um amigo que mostra o quanto é importante estar atento ás pessoas no ambiente organizacional. O fator humano, de acordo com o vídeo, aumentou a produtividade em 25% com o trabalho do pesquisador na melhoria da relação entre os membros da equipe. Hoje este é um dos meus trabalhos, considerar o fator humano como desenvolvimento organizacional. Se olhássemos sua organização hoje, como está o fator humano?
A resposta à questão: Que é isto — a filosofia? consiste no fato de correspondermos àquilo para onde a filosofia está a caminho. E isto é: o ser do ente. Num tal corresponder prestamos, desde o começo, atenção àquilo que a filosofia já nos inspirou, a filosofia, quer dizer, a philosophía entendida em sentido grego. (Heidegger, O que é isto - A Filosofia?)
Encontro Nacional
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Camuflagem
“Não sou eu!” Esta é uma
expressão que ouvi algumas vezes ao longo dos anos no consultório. As situações
são variadas, mas em todas elas o que acontece é que a pessoa não se identifica
nos comportamentos que tem. Uma destas pessoas dizia que não se reconhecia como
fumante, no entanto fumava regularmente e em boa quantidade. Outra dizia não
ver-se na pessoa dura e fria que era enquanto gerente do setor onde trabalhava,
chegava a espantar-se consigo mesma. Em outro caso a pessoa dizia não se reconhecer
no que os outros diziam dela, enquanto os outros ao seu redor falavam de uma
mulher forte, com garra, objetivos, ao contrário, ela se via fraca, pouco
persistente e sem objetivos. Em muitos casos esta falta de identificação da
pessoa consigo mesma ocorre porque ao longo da vida ela criou uma camuflagem,
aprendeu a ser o que se esperava dela.
Este fenômeno pode
acontecer por muitos motivos. Por exemplo, a primeira pessoa que fumava e não
se reconhecia fumante começou a fumar por participar de um grupo que fumava.
Assim, o comportamento de fumar foi adquirido via interseção, ou seja, a
depender da pessoa com as quais teve interseção tendeu a se adaptar. Já a
segunda pessoa, a gerente, não se reconhece em outro papel existencial, este é
um caso de como algumas pessoas criam papeis com os quais não se identificam. Nesta
mesma linha podemos citar uma mulher que engravida, mas não consegue se colocar
no papel de mãe, não se reconhece como mãe. Já a última pessoa não conseguia se
reconhecer nas referências externas, isso pode acontecer quando a pessoa
utiliza o espelho errado, o reflexo vem distorcido e não tem crédito.
Diferente destes, alguns
criam a si mesmos de outras formas, criam camuflagens para ganhar distância das
outras pessoas ou situações. Numa organização alguns se tornam especialistas em
camuflagem, sabem exatamente onde estar para não aparecer ou ser visto como
querem ser vistos. Assim pode ser o gerente que lidera sua equipe de forma
inadequada, não atinge os objetivos, mas é bem visto pelas avaliações de clima.
A boa interseção, amizade, que tem com as pessoas com quem trabalha garante que
tenha boas avaliações, e é isso que lhe garante permanecer onde está.
Camuflar-se é colocar uma
vestimenta que diga algo sobre você que não é verdade, mas que cumpre certa
função. Ao gestor cabe, a partir do que conhece de cada colaborador, saber se as
pessoas com quem trabalha são elas mesmas ou estão camufladas. Uma organização
onde pessoas camufladas trabalham é um ambiente perigoso, você não sabe com
quem está lidando. O gestor bonzinho, aquele que agrada seus colaboradores, que
se coloca a disposição para ouvir seus problemas pode ser aquele que repassa
todas as informações e causa sua demissão. A camuflagem de servidor dá a ele a
oportunidade de acertar o ponto fraco da pessoa, infelizmente isso existe.
Alguns camuflam-se por
tanto tempo que acabam por confundir-se com a própria camuflagem. Quando isso
acontece, a pessoa pode começar a perder a própria identidade frente ao
personagem que usa como camuflagem para seus propósitos. Como ilustração, trago
a frase emblemática de William Shakespeare "Ser
ou não ser, eis a questão" (no original em inglês: To
be or not to be, that is the question) a qual vem da peça A tragédia de Hamlet,
príncipe da Dinamarca. Alguns, depois de se camuflarem como ovelha
por muito tempo, não sabem mais ser lobo e outros, depois de serem lobos, não
conseguem mais ser ovelha. A recomendação é ter cuidado. Camuflar-se, optar por
deixar de ser você mesmo em prol de algo pode não ter volta.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Prêmio Ser Humano 2014
No dia 21.11.2014 aconteceu a cerimônia de premiação dos vencedores do Prêmio Ser Humano 2014 da ABRH-SC. Na cerimônia a empresa Tiscoski Distribuidora LTDA recebeu a premiação pelo case "Ser líder: Transformando potência em ato" na categoria Gestão de Pessoas. O projeto foi a inclusão da Filosofia Clínica no processo de gestão de pessoas como ferramenta para adequação das lideranças à filosofia da organização. A premiação foi recebida por Jucimar Andrade, gerente da empresa, das mãos do diretor da Regional ABRH-SC de Criciúma André Pais Topanotti. No registro fotográfico estão, da esquerda para a direita, André Pais Topanotti, Rosemiro A. Sefstrom, Jucimar Andrade.
Liderança e Meta
Seguem alguns conselhos do que é considerado uma das autoridades brasileiras na área da administração. Vincent Falconi ensina como liderar com base em metas, ensinando que para vencer os desafios é necessário ao líder com metas desafiadores. É importante lembrar que esta é a forma como Falconi entende que uma organização deve ser gerida.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Música como negócio!
Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, mostra o que sabe a respeito do mundo dos negócios. A música feita de forma séria, com respeito ao seu público, precisa muito mais que um cantor, precisa de um bom administrador. Um administrador que tenha uma filosofia adequada ao propósito de sua organização.
Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, mostra o que sabe a respeito do mundo dos negócios. A música feita de forma séria, com respeito ao seu público, precisa muito mais que um cantor, precisa de um bom administrador. Um administrador que tenha uma filosofia adequada ao propósito de sua organização.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Vida de
Aquário
“Procurando
Nemo”, este é o nome de um filme que conta a história de um peixe que fica
órfão de mãe logo cedo e é criado por um pai superprotetor. O pequeno Peixe da
espécie Palhaço tem uma nadadeira menor que a outra, condição que faz com que o
pai seja ainda mais cuidadoso com o filho. Em uma viagem com os colegas da
escola Nemo vai além dos limites estabelecidos pelo professor e acaba sendo capturado
pelos seres humanos. Levado à terra firme, é colocado no aquário de um
consultório odontológico. Ali encontra outros peixes e moluscos com os quais
vai conviver. Cada um deles foi raptado de lugares diferentes e obrigados a
conviver em um mesmo ambiente. A falta de escolha em estar ali, assim como a
vontade de fugir os unia.
Em algumas
organizações o cenário não é diferente: pessoas de diferentes lugares, culturas
e formação acadêmica são colocadas num mesmo ambiente. Alguns podem dizer que
elas estão ali por vontade própria, ou seja, que as pessoas escolheram a
empresa e as pessoas com quem trabalham. Infelizmente não é bem assim, a maior
parte das pessoas trabalha na empresa na qual teve oportunidade e com pessoas com
as quais não escolheu estar. Dentro deste ambiente chamado de organização estas
pessoas convivem ao menos oito horas por dia, cada uma cumprindo seu papel.
Nesta vida de aquário, assim como no caso de Nemo, algo em comum os une. O que
seria?
Alguns
autores pontuam que o que une estas pessoas são suas necessidades, pois cada um
necessita de alguma coisa. Outros ainda dizem que o que une as pessoas na
organização são os valores da organização. O que acontece, de fato é que cada
um que foi colocado dentro do aquário cumpre sua função e está ali de acordo
com o seu propósito. Cabe ao gestor ser aquele que capta no mundo à sua volta
pessoas que cumpram a função organizacional. No entanto, não é tão simples,
pois além de escolher as pessoas pela função que cumprem enquanto profissional,
é preciso ainda cuidar como ela é enquanto pessoa.
Olhando de
forma criteriosa para algumas organizações é possível observar que as pessoas
cumprem muito bem o seu papel técnico, mas não conseguem se relacionar umas com
as outras. Um dos maiores exemplos da importância de cuidar dos elementos
técnicos e de relacionamento são os times de futebol. Alguns times tem um
elenco de craques, seria um time ideal dado o alto nível de cada elemento que o
compõe. No entanto, a má qualidade de relacionamento faz com que o time não
obtenha os resultados esperados. Cada pessoa tem um jeito de ser de modo que,
ao entrar em contato com o outro, pode ou não formar interseção.
É fato que
alguns times não têm jogadores expressivos enquanto individualidade, mas
enquanto time conquistam bons resultados. O que o gestor precisa observar são
os elementos que cada um dos membros da equipe ou time trazem para o grupo
quando se colocam em interseção. Os espaços de interseção são os espaços onde
uma pessoa entra em contato com a outra ou outras. O melhor jogador do time
pode colocar como elemento de interseção sua insatisfação com a organização,
colaborando assim para a insatisfação da equipe com o time. Se outros colocarem
o mesmo elemento, a insatisfação, aos poucos cada jogador tende a seguir seu
caminho.
O treinador
ou gestor mais habilidoso sabe como inserir elementos no grupo que atuem no
espaço de interseção como motivadores. Como treinador ele pode colocar como
elemento comum o fato de que o sucesso depende do grupo. Assim, não é ele quem
determina o sucesso, mas a união do grupo, inclusive dele. Outro componente que
pode ser colocado no espaço da interseção seria uma premiação para o grupo caso
atinja a meta. Enfim, gerir o grupo, em boa medida, é estar atento aos
elementos que estão em trânsito nas áreas de interseção.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
A filósofa americana Martha Nussbaum fez uma conferência no dia 06 de junho sobre “As emoções públicas”, para o ciclo "As cátedras de Sophia"
Quando filosofia, economia e politica se encontram
Talvez poucos conheçam o seu nome, mas foi ela, em 1986, a primeira a introduzir o conceito de “bens relacionais” – hoje assumido estavelmente na economia – e a influenciar notavelmente até mesmo as Nações Unidas, na elaboração do índice de desenvolvimento humano. E isso graças ao capability approach (abordagem segundo as capacidades), elaborado com o prêmio Nobel Amartya Sen.
“As cátedras de Sophia” são aulas magistrais de reconhecidos expoentes da cultura contemporânea. Depois de Ugo Amaldi, cardeal Marc Oullet, Stefano Zamagni e Sergio Zavoli, chegou a vez de Martha Nussbaum.
E ela não é uma economista, mas uma filósofa, trata-se da americana Martha Nussbaum, docente de direito e ética na Universidade de Chicago e conhecida nos ambientes acadêmicos, e não só, especialmente por ter introduzido o tema das emoções na reflexão política e social. E precisamente as “emoções públicas” foram o núcleo das conferências que a levaram à Itália.
Em Loppiano reuniu-se inicialmente com os estudantes de Sophia, estabelecendo um interessante intercâmbio, no qual não apenas os estudantes fizeram perguntas, mas foram também eles interpelados. Desabrochou um confronto não apenas sobre a convivência entre culturas e religiões diferentes, mas também sobre diferentes sistemas educativos, sentido de modo especial dada a proveniência geográfica tão diversificada dos participantes.
Mas também a relação entre filosofia e economia ocupou boa parte do debate, a partir da narrativa da experiência direta de Martha Nussbaum com Sen, um tema que abriu ao da interisciplinariedade do saber e da necessidade de colaboração entre estudiosos dos diversos setores.
A conferência aberta ao público, com o título “Emoções públicas e sociedade decente”, foi uma espécie de viagem no tempo e no espaço – da Europa depois da Revolução Francesa e do pensamento de Comte e Mill, até a Índia de Tagore e Gandhi – para examinar como a ideia de uma sociedade construída ao redor de uma “religião civil”, sustentada, portanto, pelas emoções, tenha aberto caminho e se tenha concretizado, especialmente, na experiência do Subcontinente. Emoções entendidas no sentido de “empatia” pelo outro, de capacidade de perceber um “bem comum” a ser buscado, que abraça toda a sociedade, que o próprio Estado é chamado a promover partindo da educação dos jovens.
Com relação à experiência específica do Instituto Sophia, Nussbaum observou como este fornece um tipo de formação interdisciplinar que é crucial na formação de “cidadãos do mundo”. «Se nos limitamos a um único campo de conhecimento não somos suficientemente equipados nesse sentido», afirmou. E dirigiu aos estudantes o convite a «procurar entender como juntar a abordagem crítica à emocional», elementos essenciais, no seu pensamento, para construir uma sociedade que saiba respeitar todos os aspectos da vida humana.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Você é perfeito!
A propaganda da Pro Infirmis: Because who is perfect? Retrata pessoas que diferenças físicas que não são contempladas pelos manequins que vemos nas vitrines das lojas. Um artista plastico resolve pegar estas pessoas como modelos e desenvolver manequins de acordo com os seus corpos. O resultado é muito legal, mostrando que cada um é perfeito em si, ainda que não seja um modelo.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Jogos de Linguagem
Wittgenstein, filósofo austríaco, teve a genialidade de perceber que para conversar com uma pessoa devo participar do mesmo jogo de linguagem dela. Caso não participe deste jogo de linguagem não serei compreendido. Novamente utilizando um curto vídeo do grupo humorístico britânico Monty Phyton, podemos ver como acontece, de fato, um jogo de linguagem.
Wittgenstein, filósofo austríaco, teve a genialidade de perceber que para conversar com uma pessoa devo participar do mesmo jogo de linguagem dela. Caso não participe deste jogo de linguagem não serei compreendido. Novamente utilizando um curto vídeo do grupo humorístico britânico Monty Phyton, podemos ver como acontece, de fato, um jogo de linguagem.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Aposta
Se você tivesse certeza
de que iria perder, em qualquer tipo de jogo, apostaria? Uma aposta é o
comportamento de colocar algo em jogo contra alguma ou algumas pessoas, na
dependência de que algo aconteça. Quando esse algo acontecer tende a favorecer
um dos apostadores em detrimento de outros. Assim, se você aposta cem reais que
o resultado do jogo de seu time será de dois a zero contra o time do seu amigo,
se o resultado for o que você previu, você é o ganhador e ele é o perdedor. No
entanto, dificilmente alguém apostaria somente por apostar, provavelmente quem
aposta espera ganhar. O problema do termo aposta é a falta de controle sobre os
elementos pelos os quais se aposta, caso contrário, diz-se que o jogo está
“viciado” ou que houve trapaça. Apostar é colocar-se diante de algo sobre o
qual não se pode controlar e que pode ou não dar o resultado esperado.
Em alguns momentos da
vida apostar pode ser necessário, como aquele jovem de vinte e poucos anos que
recebe a proposta de se associar ao amigo e abrir uma pequena empresa. Um
investimento pequeno de tempo e dinheiro. Ele pode ou não apostar no sucesso da
ideia, mas tanto ele quanto o amigo controlam os fatores que determinam o
sucesso ou o fracasso do negócio. Esse controle, ainda que seja precário, faz
com que o que o rapaz fez não seja uma aposta, mas um investimento de risco.
Por mais que ele tenha riscos, ele os conhece e pode se prevenir deles e
inclusive sair do investimento quando lhe parecer oportuno. Numa aposta, depois
de apostado, somente quando o resultado sair, até lá você está nas mãos da
sorte.
Em outros departamentos
da vida o investimento é diferente e apostar pode ser muito perigoso. Imagine
que este mesmo jovem rapaz, que obteve sucesso em sua sociedade com o amigo,
encontrou uma moça, uma menina desconhecida. Da mesma forma que fez em seu
negócio, ele vai apostar no relacionamento com a moça, apostar ou investir?
Assim como na sociedade com o amigo, o compromisso com o sucesso da organização
deve ser mútuo, o negócio até pode fazer sucesso com o trabalho de apenas um,
mas qual será o tamanho do investimento? No relacionamento que o rapaz tem com
a moça não é muito diferente, tanto ele quanto ela estão investindo na relação.
Pode dar certo com os investimentos de somente um dos dois, mas até quando será
sustentável?
A diferença entre aposta
e investimento é que na aposta existe algo que condiciona o ganho ou a perda.
Além do que numa aposta somente um ou alguns ganham enquanto todos os outros
perdem. Num investimento todos os envolvidos têm interesse no mesmo resultado,
não há divisão entre ganhadores e perdedores. Outro elemento importante do
investimento é que num investimento o resultado positivo faz de todos
ganhadores. Retornando ao negócio e ao relacionamento do rapaz, se ele investir
de forma responsável e com pessoas que queiram o mesmo que ele, suas chances de
sucesso aumentam. Se, no entanto, ele investir com pessoas com ideias ou ideais
diferentes das suas ou seus, o risco é grande de que ambos saiam perdendo.
Num negócio e num
relacionamento cada um coloca algo não para perder ou ganhar, mas como forma de
multiplicar. Se você coloca no seu investimento amor, carinho, sinceridade,
tempo, dedicação e do outro lado a pessoa também investe elementos como amor,
carinho, compreensão, as chances do investimento dar frutos são boas. Mas se há
uma aposta, um coloca amor e o outro coloca segurança, ao fim do girar da
roleta, quem ganhar leva os dois, o amor e a segurança.
Rosemiro A. Sefstrom
terça-feira, 11 de novembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Adulto
Algumas pessoas deitaram-se
aos dezessete anos e acordaram aos quarenta, cinquenta anos, olharam para si
mesmas e não se reconheceram. Olham o espelho e não conseguem se identificar na
mulher ou homem que se tornaram, olham a casa, os filhos e as responsabilidades
e se entendem estranhas em meio a tudo isso. Olham para os filhos, sabem que
são seus filhos, mas sentem-se incapazes de serem pais ou mães. Chegam ao
trabalho, sobre a mesa repousa um crachá onde se lê “gerente”, mas não entendem
como chegaram até a gerência! O estranhamento consigo mesmo se deu após uma
visita na casa dos pais em que a mãe, uma senhorinha muito simpática anunciou à
filha, já com seus quarenta e cinto anos: “Minha filha, quem diria que um dia
você seria essa mulher forte, corajosa, mãe de dois filhos, gerente de uma
empresa. Enfim, uma mulher adulta”.
Não foi intencional, mas
a mãe colocou a filha diante do espelho, algo que até então ela não tinha
feito. O interessante é que ao se ver, ela não se reconheceu como uma mulher
com quarenta e cinco anos, mãe de dois filhos e gerente de uma empresa. O que
ela vê dela mesma é aquela menina que terminou o ensino médio, a menina que
recém começou o namoro, que queria ser advogada. O que aconteceu para que, ao
ser colocada diante de si mesmo tivesse este estranhamento? Como que desde os
dezessete até os quarenta e cinco anos não houve esse estranhamento? Ocorre que ao longo desses vinte e oito anos
a menina apenas seguiu o curso das coisas. Pouco tempo depois de arrumar o
namorado acabou por engravidar e o sonho de ser advogada foi abortado em
detrimento ao filho que nasceu. Seu namoro com o que parecia ser o amor de sua
vida durou o suficiente para ter mais um filho, exatamente dez anos.
Essa mulher de quarenta e
cinco anos agora tem uma crise de identidade e idade, primeiro, porque ela não
tem a idade que tem e depois porque não é quem a mãe descreveu. Diante desta
crise vem parar na terapia, porque alguns dias depois de se reconhecer como uma
menina de dezessete anos em um corpo de quarenta e cinco a mãe de dois filhos
começa a se comportar como uma adolescente. Natural, o que ela reconhece dela
mesma tem dezessete anos, mais nova que sua filha mais nova que tem dezoito. A
filha estranha as novas roupas da mãe, principalmente o comportamento sexual da
mãe, que agora namora um rapaz muito mais jovem, fez uma tatuagem de borboleta
e agora fala gírias. Na vida profissional a situação fica interessante, ela
volta a estudar, vai fazer direito, nada de estranho, vai retomar de onde parou.
Mas e a vida adulta que ela tinha até dias atrás?
A grande dificuldade para
esta mulher pode ser entrar num consenso entre a idade que ela voltou a ter,
dezessete, e a idade que realmente tem, quarenta e cinco. Em Filosofia Clínica o
que se faz para que esta pessoa consiga equacionar todos os elementos que
entraram em movimento com os que já estavam em movimento chama-se atualização.
A mãe de dois filhos pode buscar elementos da juventude dela que ela pode viver
hoje, adaptando-os à realidade atual. Esta adaptação se faz necessária para que
os elementos de sua adolescência possam compor com os elementos de sua vida
adulta. A partir da história de vida desta mulher, o filósofo buscará os
elementos da juventude e junto com ela irá adaptá-los a sua vida adulta. A questão
não é deixar de viver aos quarenta coisas da juventude, mas de viver a
juventude do jeito que é possível aos quarenta. Algumas pessoas não se tornam
adultas, mas acordam um dia adultas e precisam equacionar o jovem que tem
dentro de si com o adulto que precisam ser.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
5 paradoxos da lógica e da matemática
Por Luiza Lages
Um paradoxo é uma declaração que vai contra o senso comum, expectativas ou definições. Na filosofia e na lógica, por exemplo, os paradoxos são importantes argumentos críticos, e já foram responsáveis pela organização ou reorganização de fundamentos de várias áreas do conhecimento. Parece complexo, não? Mas a gente te explica com calma. De uma vastidão de problemas paradoxais da lógica e da matemática, trazemos cinco deles que já deram um nó na cabeça de muita gente. Dá uma olhada:
1. Paradoxo de Russell (e Paradoxo do Barbeiro)
Em 1901, enquanto trabalhava em seu livro Os princípios da Matemática, Bertrand Russell descobriu um paradoxo que expunha uma falha nos fundamentos da Teoria dos Conjuntos, de Georg Cantor – o que abalou o mundo da matemática e levou cientistas a repensarem a lógica moderna. Segundo a teoria de Cantor, um conjunto pode conter outros conjuntos, inclusive a si mesmo. Por exemplo, o conjunto das ideias é uma ideia. Mas isso não é verdade para todos os conjuntos, já que existem alguns que não podem conter a si mesmos. É o caso do conjunto de todos os números, que não é um número, ou do conjunto de todas as frutas, que não é uma fruta.
Aí Russell resolveu complicar a história. O matemático pegou esse conjunto dos conjuntos que não contém a si mesmos (aquele que inclui o conjunto de todos os números e o de todas as frutas) e perguntou: “Esse conjunto pertence a si mesmo?”. Existem duas repostas possíveis: sim, ele pertence a si mesmo, ou não, não pertence a si mesmo. Se a resposta é que ele pertence a si mesmo, ele é um conjunto que não pertence a si mesmo (porque essa é a característica que define os participantes desse conjunto específico). E se a resposta for que ele não pertence a si mesmo, então ele é um conjunto que pertence a si mesmo. Tá aí o paradoxo de Russell: a resposta afirmativa leva a negação, e vice-versa.
Mas esse paradoxo não fica restrito à matemática, e pode ser entendido também no contexto da autorreferência, que é quando uma afirmação faz referência a si mesma. Ele também é conhecido como o Paradoxo do Barbeiro, contado pelo próprio autor para melhor explicar suas ideias: em uma cidade com uma lei rígida quanto ao uso da barba, a regra é que todo homem adulto é obrigado a se barbear diariamente, mas não precisa fazer a própria barba. Existe um barbeiro na cidade para esses casos, para o qual a lei diz que “o barbeiro deverá fazer a barba daqueles que optarem por não fazer a própria barba”. Dessa afirmação, surge o paradoxo, já que como resultado o barbeiro não pode se barbear. Por ser o barbeiro, fazer a própria barba significaria ser barbeado pelo homem que faz a barba só daqueles que optaram por não fazer a própria barba. E ele não pode ir ao barbeiro, pois isso significaria fazer a própria barba, o que não é a função do barbeiro.
2. Paradoxo do Mentiroso
Ainda no terreno da autorreferência, há um paradoxo que existe nas mais variadas formas desde os filósofos da Grécia Antiga. Ebulides de Mileto, no século 4 a.C., perguntou: “Um homem diz que está mentindo. O que ele diz é verdade ou mentira?”. Mais uma vez, encontramos uma afirmativa que leva à negação e uma negação que leva à afirmativa. Se o homem estiver mentindo, então ele está falando a verdade. Se o homem estiver falando a verdade, então ele está mentindo. O problema revelado aqui é da ordem do senso comum: o que entendemos por verdade e mentira nos leva a contradições.
O Paradoxo do Mentiroso já foi registrado assumindo diferentes formas, contando diferentes histórias, em diversos tempos e culturas. Uma das mais populares é o Paradoxo do Pinóquio. O personagem da literatura infantil, criado por Carlo Collodi, afirma: “O meu nariz vai crescer”. Quem conhece a história sabe que o nariz do boneco de madeira cresce a cada vez que ele conta uma mentira. Bem, se o nariz do boneco crescer, então a afirmação era verdadeira e nada deveria ter acontecido. Se o nariz não crescer, então a afirmação era uma mentira e o nariz deveria ter crescido.
A partir de uma afirmação derivada da proferida por Ebulides em sua forma mais simples (“Esta afirmação é falsa”), Kurt Gödel demonstrou o Teorema da Incompletude, na lógica moderna. Em linguagem aritmética, o matemático disse que “esta afirmação é indemonstrável”. Se um axioma (princípio matemático que não precisa de demonstração) desenvolvido tendo como base essa estrutura é falso, então ele é falso e demonstrável, o que é incoerente. Se o axioma é verdadeiro, então ele é verdadeiro e indemonstrável, e, portanto, incompleto. Assim, qualquer teoria na qual seja possível formular uma afirmação como essa é necessariamente incompleta.
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3. O problema de Monty Hall
No final dos anos 80, o humorista Sérgio Mallandro apresentava o programa infantil Oradukapeta, no SBT. O quadro mais popular do programa era a “Porta dos desesperados”, em que crianças da plateia escolhiam uma entre três portas. Atrás de uma delas havia prêmios, e das outras duas, monstros fantasiados. Agora vamos lá, suponha que você é um participante e escolheu a porta 1. Outro participante escolhe a porta 2 e a abre primeiro, revelando um monstro. Quando o apresentador pergunta se você deseja trocar a porta selecionada, qual seria a melhor decisão?
Muitas pessoas diriam que a chance de encontrar um prêmio é agora de uma chance em duas, e que tanto faz qual for a decisão final. Mas em 1975, nos Estados Unidos, a escritora Marilyn vos Savant disse em sua coluna na revista Parade que, em uma situação similar, o participante deveria optar por trocar de portas. Segundo ela, a troca levaria a uma probabilidade de 2/3 de ganhar o prêmio, enquanto a chance de levar a melhor ao permanecer com a escolha inicial seria de apenas 1/3.
Isso acontece porque, ao escolher uma porta, a chance de acerto é inicialmente de 1/3. Já tendo sido revelada uma porta falsa, caso a troca seja efetuada, deve-se somar ao 1/3 de chance da porta restante, o 1/3 de probabilidade que era conferido à porta revelada, chegando então a duas em três chances de acertar.
Muitos leitores, entre eles especialistas, não foram convencidos pelas explicações da colunista, e escreveram à revista alegando que a proposta deveria estar errada. Com a polêmica, foram conduzidas simulações e provas matemáticas foram desenvolvidas para mostrar que, apesar de fugir ao senso comum, vos Savant estava certa.
O problema de Monty Hall ganhou o nome do apresentador do programa de TV Let’s Make a Deal, que funcionava com uma dinâmica bem próxima à da Porta dos Desesperados, de Sérgio Mallandro. É um paradoxo classificado como verídico pelo sistema do filósofo e lógico Willard Van Orman Quine, já que apresenta resultados tão pouco intuitivos que parecem absurdos, mas que são demonstrados como verdadeiros.
4. Aquiles e a tartaruga
O que aconteceria se uma tartaruga apostasse corrida com um atleta? A resposta parece fácil, mas o filósofo pré-socrático Zeno de Eleia complicou as coisas com um de seus paradoxos do movimento. A história contada para explicar o problema proposto pelo pensador é a seguinte: Aquiles e uma tartaruga decidem apostar uma corrida e, como a velocidade de deslocamento do herói da mitologia grega é muito maior que a do pequeno réptil, ele dá uma vantagem para a tartaruga, que começa a prova à frente.
Quando Aquiles alcança o ponto A, de onde saiu a tartaruga, ela já está à frente, no ponto B. E quando ele chega ao ponto B, a tartaruga já se encontra no ponto C. Ao Aquiles alcançar o ponto C, ela já está em D, e assim sucessivamente. Dessa forma, o guerreiro nunca conseguiria ultrapassar a tartaruga. Matematicamente, seria como pensar em um limite: o limite da expressão teria o espaço entre os dois corredores tendendo a zero – e isso significa dizer que a expressão se aproximaria cada vez mais do número 0, sem nunca alcançá-lo.
Um dos problemas é que Zeno desconsiderou a variável do tempo. O paradoxo supõe que a soma de infinitos intervalos de tempo é infinita, mas a soma dos infinitos intervalos de tempo que Aquiles gasta para se aproximar da tartaruga, na verdade, converge para um valor finito. Então o herói só não conseguiria alcançar a tartaruga em um intervalo de tempo específico. Apesar das incoerências, o paradoxo foi importante para pensarmos os infinitos, a noção de referencial e movimento.
5. Paradoxo do enforcamento inesperado
Um juiz decreta a sentença de um homem condenado, e conta para o prisioneiro que ele vai ser enforcado na próxima semana, entre segunda e sexta-feira, em um dia inesperado, ao meio-dia. O homem entende a sentença de tal forma que fica aliviado, certo de que não vai ser executado.
O raciocínio dele é o seguinte: quando chegar a quinta a noite e ainda não houver ocorrido a execução, ele irá saber que esta não pode mais acontecer na sexta, já que isso seria esperado, o que contradiz a sentença – que deixou claro que ele seria enforcado em um dia inesperado. Então, se chegada a quarta-feira e a execução não houver acontecido, a mesma não poderá ser na quinta, pelo mesmo motivo apresentado antes. E assim por diante, não poderá ocorrer na quarta, na terça e nem na segunda. Mas na quarta-feira o prisioneiro é enforcado, uma vez que a lógica desenvolvida por ele tornou a sua execução inesperada.
Os lógicos entendem que o problema do paradoxo está em sua natureza de autorreferência e na sentença contraditória do juiz que, ao estipular um tempo determinado (meio-dia) e contado (uma semana) para o enforcamento, não poderia também falar em inesperado. Para a epistemologia, o paradoxo pode também ser um problema associado ao conhecimento – o que sabemos e o que esperamos entra em jogo.
Bônus: Paradoxo do avô
Um viajante no tempo volta ao passado para um momento em que seus avós ainda não se conheciam, mata seu avô e, como consequência, impede o próprio nascimento. O problema é que, sem ter nascido, o viajante não pode voltar no tempo para matar seu avô, o que significa que ele nasceu.
Nem da lógica e nem da matemática, essa é a descrição do Paradoxo do avô, que foi proposto pela primeira vez pelo escritor de ficção científica René Barjavel, em sua obra Le Voyageur imprudent, de 1943. O autor provou que qualquer um pode desenvolver um paradoxo, e que um paradoxo é um olhar crítico sobre como se vê e como se organiza o mundo.
A natureza contraditória do Paradoxo do avô, que mostra a impossibilidade dos eventos ocorrerem como descritos, está associada a uma visão de como é a ligação entre passado e futuro. Em diferentes cenários, com diferentes perspectivas sobre a estrutura temporal, o paradoxo não faria sentido. Por exemplo, a partir da noção de que o passado é imutável, seria impossível matar o avô. Também podemos pensar que a viagem no tempo cria ou se associa a uma linha do tempo alternativa, em um universo paralelo, em que, ao matar o avô, aquele que seria o viajante não chega a nascer.
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Troca de papel
A breve crítica do grupo humorístico Porta dos Fundos, levanta a polêmica da precificação dos elementos religiosos. Há, no entanto, algumas organizações que santificam elementos profissionais, tendo a remuneração um caráter de caridade, de bondade por parte do gestor. A troca de papeis em alguns casos é a mistura de papeis, pois o ajudante lá da igreja é o supervisor de produção. Em outros casos a troca de papeis é por conveniência, tanto do profissional para o religioso quanto o contrário. Nestes casos a confusão visa algum tipo de benefício, será que é ético? Veja a ilustração.
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