Vida de
Aquário
“Procurando
Nemo”, este é o nome de um filme que conta a história de um peixe que fica
órfão de mãe logo cedo e é criado por um pai superprotetor. O pequeno Peixe da
espécie Palhaço tem uma nadadeira menor que a outra, condição que faz com que o
pai seja ainda mais cuidadoso com o filho. Em uma viagem com os colegas da
escola Nemo vai além dos limites estabelecidos pelo professor e acaba sendo capturado
pelos seres humanos. Levado à terra firme, é colocado no aquário de um
consultório odontológico. Ali encontra outros peixes e moluscos com os quais
vai conviver. Cada um deles foi raptado de lugares diferentes e obrigados a
conviver em um mesmo ambiente. A falta de escolha em estar ali, assim como a
vontade de fugir os unia.
Em algumas
organizações o cenário não é diferente: pessoas de diferentes lugares, culturas
e formação acadêmica são colocadas num mesmo ambiente. Alguns podem dizer que
elas estão ali por vontade própria, ou seja, que as pessoas escolheram a
empresa e as pessoas com quem trabalham. Infelizmente não é bem assim, a maior
parte das pessoas trabalha na empresa na qual teve oportunidade e com pessoas com
as quais não escolheu estar. Dentro deste ambiente chamado de organização estas
pessoas convivem ao menos oito horas por dia, cada uma cumprindo seu papel.
Nesta vida de aquário, assim como no caso de Nemo, algo em comum os une. O que
seria?
Alguns
autores pontuam que o que une estas pessoas são suas necessidades, pois cada um
necessita de alguma coisa. Outros ainda dizem que o que une as pessoas na
organização são os valores da organização. O que acontece, de fato é que cada
um que foi colocado dentro do aquário cumpre sua função e está ali de acordo
com o seu propósito. Cabe ao gestor ser aquele que capta no mundo à sua volta
pessoas que cumpram a função organizacional. No entanto, não é tão simples,
pois além de escolher as pessoas pela função que cumprem enquanto profissional,
é preciso ainda cuidar como ela é enquanto pessoa.
Olhando de
forma criteriosa para algumas organizações é possível observar que as pessoas
cumprem muito bem o seu papel técnico, mas não conseguem se relacionar umas com
as outras. Um dos maiores exemplos da importância de cuidar dos elementos
técnicos e de relacionamento são os times de futebol. Alguns times tem um
elenco de craques, seria um time ideal dado o alto nível de cada elemento que o
compõe. No entanto, a má qualidade de relacionamento faz com que o time não
obtenha os resultados esperados. Cada pessoa tem um jeito de ser de modo que,
ao entrar em contato com o outro, pode ou não formar interseção.
É fato que
alguns times não têm jogadores expressivos enquanto individualidade, mas
enquanto time conquistam bons resultados. O que o gestor precisa observar são
os elementos que cada um dos membros da equipe ou time trazem para o grupo
quando se colocam em interseção. Os espaços de interseção são os espaços onde
uma pessoa entra em contato com a outra ou outras. O melhor jogador do time
pode colocar como elemento de interseção sua insatisfação com a organização,
colaborando assim para a insatisfação da equipe com o time. Se outros colocarem
o mesmo elemento, a insatisfação, aos poucos cada jogador tende a seguir seu
caminho.
O treinador
ou gestor mais habilidoso sabe como inserir elementos no grupo que atuem no
espaço de interseção como motivadores. Como treinador ele pode colocar como
elemento comum o fato de que o sucesso depende do grupo. Assim, não é ele quem
determina o sucesso, mas a união do grupo, inclusive dele. Outro componente que
pode ser colocado no espaço da interseção seria uma premiação para o grupo caso
atinja a meta. Enfim, gerir o grupo, em boa medida, é estar atento aos
elementos que estão em trânsito nas áreas de interseção.
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