Qual o tamanho do
pavio?
Uma das alegorias mais
comuns sobre o temperamento das pessoas é o pavio. Às pessoas que tem paciência
e agüentam grande carga de problemas sem reclamar ou “explodir” com outras
pessoas, são chamadas de pavio longo. Já aquelas pessoas que por pouco, quase
nada “explodem” com quem estiver por perto, recebem o termo “pavio curto”. Esse
processo de encher acontece com pessoas que usam o procedimento que chamamos de
adição, ou seja, elas somam o que acontece durante o dia.
A adição, ou processo
de soma, pode acontecer de muitas maneiras, uma delas é a adição de coisas
ruins. É fácil sentar em um banco pela cidade e ficar meia hora ouvindo as
conversas e perceber que algumas pessoas contam muitos eventos ruins. Algumas
pessoas ouvem estas informações dos jornais, por exemplo, e esquecem logo em
seguida. Mas muitos dos que ouvem podem fazer o processo aditivo, somar um
assassinato, com um assalto, com uma briga, com o aumento da gasolina, com a
inflação e tudo o que fizer parte da conversa. Essa pessoa provavelmente terá
muito conteúdo ruim para trabalhar, uma vez que adicionou tudo que lhe foi
dado. Muitas pessoas têm o hábito de adicionar o que é ruim, e as coisas boas
que passam perto sequer são identificadas.
Coloquemos este
processo aditivo em uma relação de marido e mulher. Imagine que sua esposa faz
o processo de adição, mas é um processo muito curto, em alguns dias ela se
incomoda com as coisas e logo briga, chora, grita. Você, com o tempo acostuma e
a cada tanto ela faz esse processo, mas logo depois tudo volta ao normal, à
rotina. No entanto, o marido faz um processo aditivo muito mais longo, leva
algum tempo, um , dois, dez anos até atingir o limite e explodir. Quando a
explosão acontece é algo tão fora da realidade da esposa, que nunca viu tal
evento que ela pode significar como falta de amor.
A explosão se refere ao
momento em que a pessoa chegou ao seu limite e termina por colocar toda sua
insatisfação para fora. Utilizei o termo explosão por ser um comportamento
geralmente descontrolado, no qual a pessoa grita, bate, chora, algumas vezes
simplesmente desmaia. É importante
perceber que em muitos casos a explosão acontece com quem nada tem a ver com o
ocorrido. Como a esposa que espera o marido em casa, depois de um dia cansativo,
o marido chega em casa e percebe algo que lhe desagrada. Naquele momento ele
explode, diz coisas que jamais diria se não fosse naquelas condições.
O conteúdo da explosão
em muitos casos em nada tem a ver com o que aconteceu no momento, uma vez que a
pessoa adiciona elementos diferentes. Quem acompanha este processo, deve
entender que pode não ter a ver com o que está acontecendo e que a pessoa está
simplesmente descarregando de forma bruta. O conteúdo elaborado, bonitinho,
socialmente correto, nessas horas fica de lado. Pode não ser fácil, mas seria
ideal se houvesse a compreensão por parte de quem acompanha a explosão que
percebesse que pode não ter a ver com o acontecido. Mas que a pessoa precisa
jogar todo aquele lixo que guardou para fora.
O tamanho do pavio de
cada um tem a ver com quanto conteúdo é possível de se adicionar. Para algumas
pessoas o processo de adição e nada é a mesma coisa, elas esquecem,
simplesmente deixam para trás e seguem seu caminho. Mas as pessoas que o fazem
vivem sob a pena de catalogar e alocar cada conteúdo vivido. Aqueles que
convivem com estas pessoas devem prestar atenção ao processo e perceber que
tipo de conteúdo é adicionado e como isso acontece. Basta prestar atenção às
expressões como: “Outra vez; de novo; mais um dia; está me enchendo; parece que
vou explodir.” E tantas outras expressões que denotam a operação de soma.
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