Encontro Nacional

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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Transição

Uma caminhada começa com o primeiro passo, diz um velho ditado. No consultório e na vida, encontramos muitas pessoas com objetivos, no entanto, para muitas delas o objetivo não é casa, carro, filhos. Para muitos o lugar onde desejam chegar chama-se perdão, para outros amor, para outros felicidade. Aqui coloco três exemplos, que poderiam ser muitos outros, a ideia é fazer entender que o que algumas pessoas desejam na vida é um estado de espírito. E, assim como ter um carro, uma casa, filhos, ou qualquer outro desejo, estes também precisam ser cultivados e encaminhados. Mas muitos não têm a menor ideia de como se pode caminhar em direção à felicidade, ao perdão, ao amor.
O caminho depende de cada caminhante e seus objetivos, por isso para muitos é tão difícil chegar aonde desejam, primeiro porque não se conhecem e depois por não saberem onde querem chegar. Ilustro isso com uma frase que se diz muito: “A gente só dá valor quando perde”. Isso mostra que esta pessoa estava todo o tempo com tudo aquilo que tinha valor e jogou fora. O que a pessoa queria ou dava valor já estava com ela todo o tempo e ela não sabia até perder. Perceba que nem ela sabia o que realmente queria até perder. Isso acontece com o amor, com a felicidade. Muitas pessoas desejam muito a felicidade, mas nem sequer pensaram se já não estão vivendo este momento.
Quando se deseja algo, seria interessante ver o que é este algo e não colocá-lo como um conceito vazio. Veja, você me diz que quer ser feliz, eu lhe pergunto “o que seria isso”? Digamos que você diga que não sabe ao certo, mas saberá quando chegar à felicidade. Não sei, mas não me parece muito seguro de que você saberá quando chegar. Muitos seguiram falsos profetas, pois achavam que saberiam quando o Messias fosse chegar. Ainda hoje muitos seguem falsas luzes com a impressão de que estão caminhando em direção da verdade. Se você quer amor, pense, o que seria este amor? Como seria? Pode ser que não seja exatamente como você pensou, mas, ao menos, agora se tem uma medida do que pode ser o amor.
Depois que o objetivo de vida estiver à frente, fica um tanto mais fácil ou difícil chegar até ele, depende de cada um. Para muitas pessoas o que estou dizendo é uma grande bobagem, primeiro porque não buscam, depois porque não se preocupam com o local onde vão chegar. Mas, para as pessoas às quais isso importa, é necessário colocar os objetivos e saber qual é o melhor caminho a se trilhar.
Quando alguém deseja perdoar, sabe o que é isso, como faz para chegar lá? Não se pode partir da dor, da mágoa e ir direto para o perdão, ao menos não é recomendável. Pode-se trilhar um caminho com estágios que levem da dura dor de ser ferido até se chegar ao perdão. Os passos que cada um vai seguir depende de si, por isso coloquei que o caminho depende do caminhante. Se para uma pessoa o caminho para o perdão passa pela distância, indiferença, esquecimento, enfim, o perdão propriamente dito, será necessário fazer todo esse caminho. Primeiro a pessoa precisará ficar longe de quem a magoou, depois ficar indiferente e por último esquecer, somente ai acontecerá o perdão. Lembro que este é o caminho desta pessoa, para qualquer outra será totalmente diferente.
A sugestão é galgar um degrau por vez, saltar direto da dor para o perdão é muito intenso, forte, na maioria dos casos. O risco que se corre é de que seja uma coisa de momento, que o perdão seja apenas palavras jogadas ao vento. O mesmo acontece com a felicidade: não se tem como sair de uma profunda tristeza direto para a alegria, é necessário avançar lentamente.

Rosemiro A. Sefstrom

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