Harlem Shake / Marilyn
Manson
A nova moda na internet
é o “Harlem Shake”, nome da música criada pelo DJ Baauer, também conhecido por
Harry Rodrigues. A música toda pode ser resumida nas quatro frases que seguem:
Con los terroristas / (ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta) / And do the
Harlem Shake /Shake, Ey (shake). Esta é uma música eletrônica que tem uma dança
peculiar: inicialmente apenas uma pessoa aparece dançando e ao ser dita a frase
“And do the Harlem” aparecem muitas outras pessoas. As pessoas que aparecem
numa segunda etapa dos clipes estão geralmente em trajes esquisitos, ridículos
e encenam o ato sexual. Isso é uma música e uma dança que se tornou o novo
modismo da internet.
Diferente do DJ Baauer
há um cantor conhecido por Marylin Manson, também chamado de Brian Hugh Warner.
Seu nome artístico é a junção dos nomes de Marilyn Monroe e Charles Manson,
apontando a grande contradição existente dentro de si. Para muitos ele é um
cantor satânico, demoníaco. Seus clipes são impactantes o que afasta a maior
parte das pessoas, sua forma de colocar as ideias no papel e transformá-las em
música faz com que sejam criados muitos mitos em torno de seu personagem. O personagem Manson é também conhecido e já
reconhecido por suas obras em aquarela, segundo especialistas, obras que
poderiam ser classificadas como expressionistas.
O que você diria se
visse alguém que em poucos minutos trocasse a música eletrônica Harlem Shako
pelo Heavy Metal de Marilyn Manson? Provavelmente diria se tratar de uma pessoa
bipolar, ou seja, alguém que varia entre comportamentos eufóricos e
depressivos. Mas, considere que algumas pessoas podem ter dentro de si vários
conteúdos e que cada um deles tem seu próprio veículo de comunicação. Em
entrevista ao programa Amaury Junior respondendo a pergunta sobre o motivo pelo
qual se tornara pintor, Manson fala: “Eu
costumava pintar quando não podia exprimir o meu sentimento numa canção”. Ao
afirmar isto, o cantor está deixando claro que aquilo que diz em suas músicas é
o que realmente pensa, seus clipes são uma clara demonstração de sua dualidade.
Até aqui tudo bem, o
que fiz foi ilustrar dois pontos, o Harlem Shake tido como legal, bom,
recomendável, engraçado. Do outro lado Marilyn Manson, tido como anti-Cristo,
obscuro, pesado, mal visto, não recomendado. Essa é a postura dos nossos dias:
em boa parte se recomenda a alegria, a felicidade, ainda que fugaz, momentânea.
A tristeza, a solidão, a dúvida, devem ser erradicadas, resolvidas. A pílula da
felicidade não é só vendida nas farmácias, mas vendida em discos chamados CDs,
DVDs, em revistas que publicam a receita para a alegria.
Músicos como Manson
mostram que a dubiedade pode ser um caminho de depuração e a arte uma bela
ferramenta de expressão. Em Filosofia Clínica, Manson ganha acolhida não a
partir do que dizem dele, mas a partir do que sua própria história fala de si.
Sua tristeza, dubiedade, sua abertura contra as religiões não são tão novas:
Nietzsche também tinha opiniões muito próximas e é tão expurgado quanto o
cantor. Entender que cada um é diferente e tem diferentes formas para se
comunicar é fácil, difícil é ver um filho ouvindo Maryn Manson, lendo Nietzsche
e criticando seus valores de rebanho. Entender que há diferença qualquer um
pode, aceitar, trabalhar e fazer desse mundo um lugar singular, isso não é para
qualquer um.
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