Relevante, Importante
ou Determinante?
Em Filosofia Clinica,
quando se vai atender uma pessoa, pede-se a ela que conte sua história de vida.
A partir desse material o filósofo elabora o que chamamos de Estrutura de
Pensamento e busca os submodos informais que serão usados didaticamente com a
pessoa. Mas, enquanto o filósofo coleta os dados da história da pessoa seus
conteúdos começam a aparecer basicamente de três modos, relevante, importante e
determinante. Há um quarto tipo de conteúdo, o irrelevante, deste tipo de
conteúdo o filósofo pouco ou nada se ocupará. A distinção dos conteúdos
acontece para que o terapeuta dispense atenção com os conteúdos existências que
será trabalhados ao longo da terapia.
O primeiro tipo de
conteúdo é o relevante, segundo o dicionário, relevante é aquilo que se
destaca, ou seja, que se sobressai. Estes conteúdos são aqueles que aparecem de
maneira diferente dos demais, ou seja, que se apresentam mais abertamente, que
se destacam. É como uma pessoa que todos os dias é calma, doce, tranqüila e num
dia tem um acesso de fúria e quebra o telefone frente aos colegas de trabalho.
Por mais que o acontecido não seja um fato isolado, é relevante, isso porque se
destaca do comportamento comum.
O segundo tipo de
conteúdo é importante, de acordo com o dicionário, importante é aquilo que
desfruta de autoridade, que é essencial. Em Filosofia Clinica o terapeuta
observa na história da pessoa os conteúdos importantes, não necessariamente são
relevantes, mas importantes. Um exemplo
claro é aquele homem que pouco fala de sua vida, de suas coisas, mas que coloca
em primeiro lugar na sua vida a família. Aqui a família não está em relevo, mas
é tida como essencial.
Por fim temos os
conteúdos determinantes, pelo dicionário, determinante é aquilo que determina,
pode ser entendido ainda como causador. Veja que aqui não é relevo, nem
importante, mas o que determina, o causador. Este tipo de conteúdo que se
encontra na história de vida da pessoa é aquele que movimenta, que faz a
atitude acontecer. Pode ser o caso daquela menina que sabe da importância da
família, se coloca em destaque no namoro, mas seu amor determina um
comportamento de submissão. Esse exemplo é para ilustrar que mesmo com
conteúdos importantes e relevantes, se eles estiverem indo contra um
determinante, provavelmente perderão.
Tudo isso foi dito para
levar a uma pequena reflexão, de acordo com o seu dia, com os seus
compromissos. Pare um pouco, pegue um pedaço de papel e uma caneta e anote.
Primeiro anote aquilo que para você é relevante, ou seja, aquilo que merece
destaque, que se sobressai. Depois disso, em uma segunda etapa anote o que é
importante, que merece sua atenção pela necessidade que tem. Por último veja se
o que é relevante e importante está de acordo com o que domina sua vida.
Muitas pessoas tem como
relevante a própria saúde, como importante a família, mas o trabalho é
determinante. Esses são os mesmos que um dia acordam, olham para trás e se
lamentam porque tudo o que era importante se perdeu pelo caminho. Aquilo que
for determinante dará a direção, orientará a existência. Veja se o que orienta
sua existência não é exatamente aquilo que é irrelevante, fútil, banal.
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