Encontro Nacional

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quarta-feira, 12 de março de 2014

Aceita um conselho?

Vamos ajudar esta pessoa! Leia atentamente a situação e depois pense em que conselho você daria a esta pessoa. “Sou casada há vinte e dois anos, tenho dois filhos, um com dezesseis e outro com dezenove anos. Meu casamento não vai bem há pelo menos cinco anos, mas piorou muito nos últimos anos. No começo era só um mal estar, uma vontade de não ficar perto dele, meu marido. Com o tempo de vontade passou a ser necessidade,não conseguia mais ficar nem perto dele, sentia repulsa de saber que aquele homem estava deitado na mesma cama que eu. Hoje dormimos em quartos separados, eu já teria me separado, mas ele insiste que temos que manter a família por causa dos meninos. Acho que já estão bem crescidos para entender que já não dá mais certo entre o pai e a mãe. O que você acha? Devo me separar?” O que você diria a esta pessoa? Pelos argumentos que ela descreveu, será que é mesmo a hora de separar?
Em Filosofia Clínica um dos procedimentos adotados chama-se Intencionalidade Dirigida. Este procedimento é utilizado com pessoas que precisam e aceitam conselhos, no sentido de alguém que lhes dê sugestão de quais atitudes deve tomar. Este procedimento é simples e com um pouco de cuidado é muito eficaz. Mas como saber se alguém aceita receber conselhos? Será que pessoas que pedem conselhos aceitam? Algumas pessoas quando pedem conselhos só escutarão o que você diz se as suas verdades estiverem de acordo com o que ela quer ou está pensando. Nestes casos o aconselhamento é simplesmente inútil porque a pessoa está em busca de alguém que possa validar as conclusões a que ela já chegou.
Para saber se uma pessoa realmente aceita conselhos observe expressões como: “Meu pai era o meu grande conselheiro; eu gosto de escutar as pessoas para aprender algo novo; minha mãe é quem me orienta”. Estas e muitas outras expressões mostram que a pessoa aceita ser aconselhada. O interessante é perceber que algumas destas pessoas só ouvirão conselhos de determinadas pessoas e não de qualquer um. Um exemplo legal são aquelas pessoas que se acostumaram a se aconselhar com o pai, por mais que outras pessoas tenham direcionamentos melhores ela somente ouvirá o pai. Em algumas culturas o conselho é dádiva de alguns poucos, somente aqueles homens tem as condições e podem ser consultados. Entre os índios, por exemplo, o pajé é a pessoa mais experiente, com conhecimentos avançados sobre a medicina natural e sobre estes assuntos será ele o conselheiro.
Mas como dar um conselho? Uma das formas mais fáceis é pegar a situação e devolver para a pessoa assim: “Pelo que você está me dizendo acho que você deveria fazer tal coisa”. Outra maneira fácil de dar conselhos é lembrar das vezes na vida em que você passou por situações parecidas. A partir dessa lembrança você orienta a pessoa de como ela deve agir para resolver sua situação e atingir um bem estar subjetivo. Só que ao dizer como eu fiz, trago todas as circunstâncias envolvidas na minha situação e esqueço que a situação da pessoa pode ser totalmente diferente. Algumas vezes o problema da pessoa só tem o mesmo nome que meu, mas é totalmente diferente.
Voltando à questão da mulher ilustrada lá no primeiro parágrafo, para aconselhá-la da maneira correta e depois de saber se ela aceita conselho seria indo à história de vida dela. Imagine que ela passou superficialmente pelo problema e deixou de dar muitas informações, como posso dizer o que fazer sem saber exatamente o que está se passando. Ao contar sua história saberei exatamente de que natureza é seu problema e quais seriam os possíveis caminhos que ela pode tomar sem que isso venha a causar males. No caso da mulher acima o conselho foi bem simples, depois de conhecer a história dela e conhecer bem o problema, bastou pedir que não morasse mais com sua sogra.


Rosemiro A. Sefstrom 

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