Aceita um conselho?
Vamos ajudar esta
pessoa! Leia atentamente a situação e depois pense em que conselho você daria a
esta pessoa. “Sou casada há vinte e dois anos, tenho dois filhos, um com
dezesseis e outro com dezenove anos. Meu casamento não vai bem há pelo menos
cinco anos, mas piorou muito nos últimos anos. No começo era só um mal estar,
uma vontade de não ficar perto dele, meu marido. Com o tempo de vontade passou
a ser necessidade,não conseguia mais ficar nem perto dele, sentia repulsa de
saber que aquele homem estava deitado na mesma cama que eu. Hoje dormimos em
quartos separados, eu já teria me separado, mas ele insiste que temos que
manter a família por causa dos meninos. Acho que já estão bem crescidos para
entender que já não dá mais certo entre o pai e a mãe. O que você acha? Devo me
separar?” O que você diria a esta pessoa? Pelos argumentos que ela descreveu,
será que é mesmo a hora de separar?
Em Filosofia Clínica um
dos procedimentos adotados chama-se Intencionalidade Dirigida. Este procedimento
é utilizado com pessoas que precisam e aceitam conselhos, no sentido de alguém
que lhes dê sugestão de quais atitudes deve tomar. Este procedimento é simples
e com um pouco de cuidado é muito eficaz. Mas como saber se alguém aceita
receber conselhos? Será que pessoas que pedem conselhos aceitam? Algumas
pessoas quando pedem conselhos só escutarão o que você diz se as suas verdades
estiverem de acordo com o que ela quer ou está pensando. Nestes casos o
aconselhamento é simplesmente inútil porque a pessoa está em busca de alguém
que possa validar as conclusões a que ela já chegou.
Para saber se uma
pessoa realmente aceita conselhos observe expressões como: “Meu pai era o meu
grande conselheiro; eu gosto de escutar as pessoas para aprender algo novo;
minha mãe é quem me orienta”. Estas e muitas outras expressões mostram que a
pessoa aceita ser aconselhada. O interessante é perceber que algumas destas
pessoas só ouvirão conselhos de determinadas pessoas e não de qualquer um. Um
exemplo legal são aquelas pessoas que se acostumaram a se aconselhar com o pai,
por mais que outras pessoas tenham direcionamentos melhores ela somente ouvirá
o pai. Em algumas culturas o conselho é dádiva de alguns poucos, somente
aqueles homens tem as condições e podem ser consultados. Entre os índios, por
exemplo, o pajé é a pessoa mais experiente, com conhecimentos avançados sobre a
medicina natural e sobre estes assuntos será ele o conselheiro.
Mas como dar um
conselho? Uma das formas mais fáceis é pegar a situação e devolver para a
pessoa assim: “Pelo que você está me dizendo acho que você deveria fazer tal
coisa”. Outra maneira fácil de dar conselhos é lembrar das vezes na vida em que
você passou por situações parecidas. A partir dessa lembrança você orienta a
pessoa de como ela deve agir para resolver sua situação e atingir um bem estar
subjetivo. Só que ao dizer como eu fiz, trago todas as circunstâncias
envolvidas na minha situação e esqueço que a situação da pessoa pode ser
totalmente diferente. Algumas vezes o problema da pessoa só tem o mesmo nome
que meu, mas é totalmente diferente.
Voltando à questão da
mulher ilustrada lá no primeiro parágrafo, para aconselhá-la da maneira correta
e depois de saber se ela aceita conselho seria indo à história de vida dela.
Imagine que ela passou superficialmente pelo problema e deixou de dar muitas
informações, como posso dizer o que fazer sem saber exatamente o que está se
passando. Ao contar sua história saberei exatamente de que natureza é seu
problema e quais seriam os possíveis caminhos que ela pode tomar sem que isso
venha a causar males. No caso da mulher acima o conselho foi bem simples,
depois de conhecer a história dela e conhecer bem o problema, bastou pedir que
não morasse mais com sua sogra.
Rosemiro A. Sefstrom
Nenhum comentário:
Postar um comentário