O
prisioneiro
Há em
Filosofia Clinica um tópico que se chama padrão e armadilha conceitual. Este
tópico bipartido versa sobre os dois lados de uma mesma moeda. Algumas pessoas
seguem seus dias desenvolvendo uma rotina. A isso chamamos de padrão. Do outro lado
há pessoas que estão presas a certos comportamentos, como um trem preso a um
trilho, do qual, por mais que queira não pode sair. A isso chamamos armadilha
conceitual. Quem define o que é padrão ou o que é armadilha conceitual é sempre
a pessoa.
Para entender
melhor coloquemos uma situação dos dias de hoje, um “casamento de aparência”.
Este é o caso em que um homem ou mulher permanece num relacionamento por uma
necessidade outra que não a interseção entre os dois Essa necessidade pode ser
posição social, ou seja, tanto o homem quanto a mulher permanece ao lado do
outro para participar de certos círculos sociais. Pode também ser por causa dos
filhos: o homem não se separa de sua mulher para continuar participando da vida
dos filhos. Pode ser também por causa de dinheiro, ele ou ela podem continuar
com o outro para permanecer desfrutando dos benefícios que o dinheiro pode
comprar. Agora vem a pergunta: O casamento de aparência é um padrão ou
armadilha conceitual?
A reposta é
simples, não se sabe, vai depender da maneira como a pessoa significa sua
circunstância. Caso o homem ou a mulher esteja vivendo esse casamento apenas de
aparência por vontade, ou seja, vive desta maneira, mas se quiser sai a
qualquer momento, provavelmente é um padrão. No entanto, se a pessoa vive certa
situação da qual não consegue sair, sente-se preso, ai sim estamos falando de
armadilha conceitual. Este tipo de amarra é chamada de armadilha conceitual
porque a prisão só existe para a pessoa que vive, para uma pessoa que vê a
situação de fora tudo seria facilmente resolvido.
Uma
armadilha conceitual é, então, qualquer conceito ao qual uma pessoa sinta-se
presa. Como nos casos anteriores, pode ser posição social, podem ser os filhos,
pode ser o dinheiro, qualquer que seja o conceito que prende a pessoa, ai está
a armadilha conceitual. Quando se diz que é a pessoa quem determina essa
amarração é justamente porque só quem está realmente presa é ela. Se ela vive
um casamento de aparência e não consegue sair, seja qual for o motivo, eis uma
armadilha conceitual.
Assim como
um padrão, a armadilha conceitual não é boa nem má, só podem ser consideradas a
partir de um juízo de valor de acordo com a vida de cada um. Para você, fazer
as coisas sempre iguais ou ter uma rotina faz bem? Ou o contrário, para você
estar amarrado a certas coisas faz bem? Atendo muitas pessoas que chegam ao
consultório desesperadas porque não sabem como viver com dívidas. Para estas
pessoas uma dívida é uma prisão, elas sentem-se sufocadas por contas e precisam
pagar para sair desta prisão. Enquanto conheço outras que dizem o contrário,
dever é uma forma de estimular o trabalho, para estas a dívida é o que
estimula. Dever para estas pessoas é o padrão e não tem nada de errado.
O padrão é
uma linha condutora e a armadilha é o fim dessa mesma linha. Quando se chegar
ao fim da linha e não souber como continuar se pode pedir ajuda. No entanto,
cada um, a sua maneira, tem muitas ferramentas para criar os caminhos para além
do fim da linha. Não há nada mais vasto que a alma humana, entre tudo o que se
conhece e que está ainda por conhecer o ser humano é “in-conhecível”.
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