Reificação
Há um autor que é constantemente criticado pelo que produziu, pela maneira como falou a respeito da sociedade capitalista: Karl Marx. Este autor trabalhou com o conceito de Reificação. Para ele esse conceito denuncia a transformação de uma ideia em uma coisa, além de caracterizar a transformação das relações sociais em coisas que podem ser negociadas. Essa relação mercantil entre as pessoas é tida por Marx
como uma forma de alienação, entendendo por alienação a dificuldade de a pessoa
pensar por ela mesma. Em outras palavras, reificar é pegar uma ideia e torná-la
um produto, essa crítica está justamente na coisificação do ser humano.
Partindo desse conceito
de reificação, convido o leitor a pensar no atual modelo de vida em que muitos procuram
ser um produto a ser comprado. Quando as moças se colocam em “panos novos”, vão
às melhores casas de show e procuram pelos pretendentes com maior poder
aquisitivo, elas estão reificando a si
próprias. São pessoas que colocaram preço em si mesmas e se tornaram objetos de
negócio, se colocam na vitrine e esperam a melhor oferta. Apenas para não ser
unilateral, também se pode pensar no menino, que logo que possível compra
roupas de marca, frequenta as melhores baladas, algumas vezes ao custo do
salário do mês, sendo que todo o gasto com a aparência pode se reverter na
“menina dos sonhos”, uma menina que se comprou com uma imagem irreal,
sustentada a muito custo.
Não há crime em ser
produto e se vender, assim como não há crime em escolher o melhor produto e
comprar. A questão é que algumas pessoas se apresentam como produto e querem
ser tratadas como gente. Se for vendido, é produto. O comprador também precisa
ter em mente que como comprador deve honrar com seus compromissos: a menina
comprada deve ser mantida. O menino que comprou tem obrigação de manter, se não
tem para manter deve devolver ou repassar a alguém que possa manter. Duro? Não,
muitas pessoas têm relação reificante onde se colocam como produto ou
comprador. Em tempos atuais podemos perceber na TV, por exemplo, que, tanto
produtos quanto compradores se espantam quando são colocados frente a si
mesmos. O espanto está em perceber que já não são mais gente, são coisas que
tem preço, não valor, mas preço sujeito a lei da oferta e da procura.
Mas, se a relação é
boa, se comprador e produto se dão bem e entendem que é uma relação com prazo
de validade? Sou eu que vou criticar, dizer que estão errados? Não! Devo apenas
lembrar de que comprador (gente) e produto (gente) estão sujeitos ao mercado.
Como filósofo digo apenas que Marx previa isso há muito tempo, previa que cedo
ou tarde as ideias não seriam mais suficientes, pessoas se tornariam produtos
vendáveis. Como lidar com isso? Caso tenha uma filha ou filho, você mesmo,
pense um pouco em como está se comportando: como gente ou como produto? Algumas
coisas fazem de você produto e lhe atribuem preço, outras características fazem
de você gente e lhe dão valor.
Quando uma moça sai de
casa para dançar, conhecer os meninos, namorar, e se posiciona diante dos
meninos como gente, isso lhe dá valor. Quando a moça sai de casa para ir a uma
festa para arrumar um bom partido, fica com quem tem mais ou pode lhe
proporcionar o melhor, ela tem preço. O menino que gasta seu salário para ir na
melhor balada e ficar com as meninas da classe X é comprador, tem preço. O
menino que vai a uma festa de acordo com suas condições, conversa com as
meninas, conhece e se aproxima de quem tem a ver com ele, esse tem valor. É
apenas uma ilustração da diferenciação entre valor e preço, mas serve de
reflexão. Pense se você está reificando a si mesmo como produto ou se dando
valor.
Rosemiro A. Sefstrom
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