Unidos somos
diferentes?
Uma antiga história
fala da união de pessoas em torno de um mesmo objetivo é a “história dos gravetos”,
ou qualquer outro nome que possa ter ganhado ao longo do tempo. A história
conta que um pai muito rico, com muitas propriedades e já à beira da morte
chama seus filhos. Ao chegar os filhos o homem lhes diz: “Deixarei tudo o que
tenho com apenas um de vocês, basta que pegue aquele feixe de lenha que está
atrás da porta e o quebre”. Cada um dos filhos tentou com muito vigor, mas nenhum
conseguiu quebrar o feixe de lenha, por mais força que fizesse. Então, o pai,
vendo os filhos fazerem força pediu: “Dêem-me o feixe e eu mesmo o quebrarei”.
Os filhos, espantados, entregaram-no ao pai que foi retirando um a um os
gravetos do feixe e quebrando, até não restar mais gravetos a serem quebrado. A
moral desta história é sobre a necessidade de estarem unidos para garantir a
força e a estabilidade do trabalho. As versões são muitas, assim como os
autores.
Na Filosofia Clínica
tenho escutado constantemente uma pergunta: “Por que algumas pessoas mudam
tanto quando estão dentro de um grupo?” Como exemplo, citam pessoas que são
devagar, quase parando, e que ao se juntarem a outras pessoas assumem atitudes
violentas. Pessoas que em grupo fazem qualquer tipo de ato sem um mínimo de
reflexão, algumas vezes passam de submissos a comandantes de atos sem
precedentes. Um filme baseado em fatos
reais, no caso “O experimento da prisão de Stanford” em 1971, retrata bem o que
temos acima. Lembramos que o experimento foi cancelado antes que houvesse
violência física, mas o filme “The Experiment” de 2010, uma refilmagem do
alemão “Das Experiment” de 2001, apresenta a visão de como seria se não tivesse
sido interrompido o experimento. Voltando ao assunto, durante o experimento um
homem pacato, religioso que morava com a mãe se torna um dos monstros do
projeto. De fiel religioso a um violento comandante dos guardas da prisão, por
que?
Algumas pessoas
enquanto Estrutura de Pensamento solitárias têm ativas em si alguns tópicos, os
quais a levam em uma direção. No entanto, quando estão em Interseção de EPs, ou
seja, quando estão com outras pessoas fazem uso do conteúdo de outros tópicos
de sua Estrutura de Pensamento. Assim, um homem ou mulher quando está sozinho
pode ser orientado pelo que acha de si mesmo, pela visão que tem do mundo ou
até mesmo pelas emoções. Mas quando se junto com mais algumas pessoas pode
colocar em funcionamento seu pré-juízo de que é um enviado de Deus. Assim, de
pacífico cidadão, se torna o guia de algumas centenas de pessoas que fazem do
que ele diz um motivo para a violência contra outros e contra si mesmos.
Algumas pessoas nesses momentos fazem uso de agendamentos feitos pelos pais:
“Não leve desaforo para casa”. E essa calma pessoa, estimulada pela embriaguez
e pelos ditos, fazendo uso de uma arma não leva desaforo para casa. Um exemplo
para os amantes de motocicleta e rock n’ roll são os Hell’s Angels da década de
60, os quais, quando se juntavam tornavam-se violentos e mortais.
As ilustrações acima
não têm objetivo de dizer que é assim, mas pode ser assim. Sendo muito mais
simples, posso dizer que algumas pessoas são completamente diferentes quando
estão em contato com outras. Como o menino, metido a machão, que se torna um
doce e leva todo desaforo para casa quando está em contato com a menina que
gosta. A grande diferença se dá porque algumas pessoas quando estão em
Interseção de Estrutura de Pensamento mudam os tópicos pelos quais são tomadas
as decisões. E assim se tornam pessoas tão diferentes de si próprias em nesses
momentos que são praticamente irreconhecíveis.
Rosemiro A. Sefstrom
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