Visão de formiga.
Em minha história de
vida, se há algo que fiz e tenho muito orgulho é ter sido seminarista. No
seminário, permaneci ao longo de oito anos, sendo que estudei o ensino regular,
fundamental, médio e parte da faculdade, até que minhas convicções apontaram a
hora de deixar esse caminho e seguir outro. Ao longo da caminhada percebi que
avaliar algo ou alguém de longe é muito perigoso, principalmente quando esta
avaliação envolve convicções, quaisquer que sejam. Quando se avalia algo a
distância, antes de mais nada, corre-se o grave risco de falar sobre o que não
se sabe, e, pior ainda, se mostrar arrogante ao falar do que não entende. É bem
possível que alguns digam que é necessário formar opinião, ter convicções, por
certo pode ser assim para muitos.
Trago estas colocações
para falar do recém eleito Papa, Sumo Pontífice da Igreja Católica, Francisco I
que é o alvo de todo tipo de comentário. A primeira pergunta a se fazer em
torno destes comentários é: “Quem realmente conhece a história de vida de
Francisco I?”, uma questão que para muitos é quase irrelevante, pois o que
interessa mesmo é algo ter para se comentar ou se falar. A distância que há
entre as pessoas que comentam e o comentado é tão grande que pode ser comparada
a visão de uma formiga em relação a um elefante. O que sabe uma formiga das
coisas de um elefante? Provavelmente pouco, quase nada, mas pode se atrever de
seu mundo de formiga criticar as grandes patas do elefante. Pode ainda falar de
que o elefante come muito, é muito pesado, malvado com as formigas porque não
olha por onde anda e uma só pata pode matar centenas delas.
Aos que realmente fazem
parte da Igreja e conhecem o novo Sumo Pontífice, provavelmente veem o retorno
da Instituição ao seu verdadeiro propósito: servir. Não há aqui defesa em prol
do Papa, mas uma pequena reflexão dos que conhecem a real motivação da escolha
do novo comandante da Igreja: o retorno ao pobre, ao trabalho pastoral, à evangelização,
à distância do envolvimento político, das intrigas sociais, da venda de
indulgências. Se e somente se Francisco I levar em conta seus votos de pobreza,
caridade e obediência levará novamente a Igreja para junto do povo, sua real
vocação.
A visão de formiguinha
olha para um objeto com distância, sem estrutura, sem conhecimento. Quando era
pequeno olhava minha mãe e meu pai e muitas vezes me perguntava por que era
proibido ficar até tarde na rua, andar com certas companhias, porque era
obrigado a estudar. Hoje estou na posição que eles estavam quando eu era
formiguinha e entendo que suas recomendações tinham sentido, ao menos para
eles. Mas, para compreender isso, foi necessário que eu deixasse de pensar como
formiguinha para que realmente entendesse o que eles queriam passar.
Hoje, em meio a
empresários, investidores, gestores, muitos dos quais são tidos como pessoas
corruptas, que tem pacto com o demônio, que roubam os mais pobres, é possível
dizer que outra visão de formiguinha amadurece. Não é necessário estar no meio,
vivenciar as mesmas experiências, mas, no mínimo conhecer o assunto, as
pessoas, as coisas, para formar uma opinião mais próxima daquilo que realmente
é. Aos que não conhecem o assunto de que falam e emitem opinião sobre, estes não
passam de formiguinhas falando de um elefante.
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