A razão decide!
Em vários artigos abordei
sobre a historicidade enquanto material de que é feita a clínica filosófica, em
outros, discorri sobre o exame das categorias. Poucas vezes, no entanto, falei sobre
submodos. Em Filosofia Clínica, a historicidade é o trabalho de coleta dos
dados de vida da pessoa. Com estes dados o filósofo clínico montará o que
chamamos de Estrutura de Pensamento (EP), ou seja, verificará como o conteúdo
existencial se combina na pessoa formando sua malha intelectiva. A EP é o que a
pessoa tem como conteúdo, aquilo que ela acumulou ao longo da vida a partir de
tudo o que viveu. Mas, além da EP, ao longo da historicidade o terapeuta também
observa algo chamado de submodo. Este pode ser descrito como o jeito de ser da
pessoa, a maneira como a pessoa coloca em movimento os conteúdos da EP. O
submodo é identificado na historicidade da pessoa e alerta ao filósofo o que e
como ela faz para lidar com seus conteúdos existenciais.
Algumas vezes a pessoa
usa seus submodos de forma produtiva e vive bem, mas outras vezes usa de forma
incorreta e isto lhe provoca muito sofrimento. Quando o filósofo clínico coleta
estes dados, observa ainda a que conteúdos da EP estes submodos estão
conectados, isto é, o que fará com que o trabalho possa realmente acontecer.
Quando o terapeuta se apropriou do conhecimento de como a pessoa coloca seu
conteúdo em movimento e usa com ela já é chamado de procedimento clínico. Agora
é o jeito da pessoa usado de forma didática com ela mesma, retirando-se dela o
que precisa e devolvendo-se de maneira terapêutica.
Um submodo interessante
é o esquema resolutivo, que algumas pessoas usam muito bem e outras sequer
sabem o que é. Este submodo é o colocar as coisas na balança, o famoso pensar
os pontos negativos e positivos de algo antes de decidir. Em empresas este é um
procedimento de ponta, faz parte da maior parte das decisões visto que faz o
administrador pensar os prós e os contra de sua decisão. Só que o esquema
resolutivo só terá validade se realmente for pensado em termos de pontos
positivos e negativos, sem a interferência de nenhum outro conteúdo.
Alguns maridos, com
desejo de comprar um carro, sentam-se em casa com a esposa, debatendo com ela
debatem sobre as vantagens e desvantagens da compra. Mas, qual será a decisão
ao final? Se o esquema resolutivo for realizado corretamente, vencerá o lado
que propor as prioridades do casal. No entanto, alguns esquemas começam muito
bem, mas quando o casal percebe que o momento não é para se comprar o carro
pára e decide pela emoção ou pela busca. Este submodo não é exatamente uma
poesia, mas ajuda muito na tomada de decisões se a questão for puramente
prática.
Assim como as
ferramentas de um marceneiro, mecânico ou qualquer outro profissional, os
submodos também podem ser mais ou menos adequados. O esquema resolutivo é um
submodo de cunho mais mecânico, tendendo para decisões que levem em conta
apenas aspectos ou proposições racionais. Mas algumas pessoas o usam para
questões emocionais, tentando fazer a conta de quantas coisas boas tem mais do que
ruins em um relacionamento. Se a pessoa for estritamente racional e o
relacionamento for avaliado deste ponto de vista, a conclusão será uma, mas se
houver amor e não houver objetividade a pessoa pode estar enganando a si
própria. Apenas como um exemplo, pode-se citar o caso daquela menina que tem um
namorado grosseiro, distante, mal educado, vadio. Se ela fizer um esquema
resolutivo e colocar tudo isso na balança ela terminará o relacionamento.
Porém, isso não acontece pois ela ama o rapaz.
O problema é que alguns
desenvolveram na vida uma só ferramenta existencial e fazem praticamente tudo
pelo mesmo caminho. Usam os mesmos submodos para situações muito diferentes e
isso lhes traz grandes dificuldades e sofrimentos. Como diz o ditado: “Quando
só se tem martelo, muita coisa começa a parecer prego”.
Muito bom decidir com a razão. .. Mesmo que haja sofrimento, este não deve durar por muito tempo. .. e aí vc passa para a próxima etapa! Ciclo vicioso só leva sempre para o mesmo lugar! Eu funciono bem assim! Apesar de muitas vezes ouvir que sou pura emoção!
ResponderExcluirBelo artigo Rosemiro, Parabéns.
Raquel