O melhor!
Recentemente houve uma confraternização de formatura de uma turma de formação em Filosofia Clínica. Neste tipo de evento é costume apresentar aos colegas o melhor aluno. Dias antes da formatura, a pessoa responsável pelo curso pediu ao professor que colocasse dentro de um envelope o nome do melhor aluno para que o mesmo fosse homenageado. O envelope seria aberto no dia da formatura, ou seja, até mesmo a pessoa que conduziria o evento não saberia o nome do melhor aluno. Durante a cerimônia, a mestre pediu o envelope do professor para revelar diante de todos o nome do contemplado. Ela olhou para o envelope e depois olhou para o professor, o qual abanou com a cabeça certificando o que estava escrito. Assim, um a um ela falou o nome de todos os alunos da turma e, por fim, a mensagem: “Em Filosofia Clínica não existem melhores ou piores, cada um à sua maneira, foi o melhor. Foi o melhor em participação, foi o melhor em presença, foi o melhor em comportamento, foi o melhor em aproveitamento. Não há medida igual para duas pessoas, como disse Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas". Assim, cada um com sua medida foi nosso melhor aluno”.
Antes de ler foi pedido que cada aluno, quando chamado, ficasse de pé para receber a homenagem dos colegas. Assim, iniciando pelo primeiro nome, cada um dos alunos foi chamado. O primeiro nome causou espanto, também o segundo, mas do terceiro em diante os alunos entenderam a mensagem. Perceberam que ao longo de um ano de caminhada juntos o professor prestou atenção em cada um, percebeu seus potenciais e soube aproveitá-los. As metas estabelecidas, os padrões, os critérios de avaliação são quantificadores, não qualificadores. Infelizmente nos dias atuais para qualificar primeiro se quantifica, uma pessoa é boa quando mais dinheiro ela tem, uma pessoa é capacitada quando mais cursos ela tem. É uma lista infindável de quantificações para poder qualificar uma pessoa.
Eu sou o melhor, você é o melhor, seu filho é o melhor, sua esposa é a melhor, se pensarmos a partir das capacidades e limitações deles e nossas. Medir por comparação, estabelecer critérios cada vez mais rígidos de medição para poder qualificar uma pessoa, absurdo! Seu filho, com dificuldades de aprendizagem para matemática pode não ter essa acuidade, assim como você também não teve, mas não é porque os outros têm, que ele tem que ter. “Se não tem nenhuma limitação orgânica ele tem de aprender, porque é “igual” a todos os outros”, afirmam alguns pais. Não, ele não é igual, ele é único e assim deve ser tratado, pode ser que ele seja o melhor em outras coisas, mas não em matemática.
Há um bom tempo atrás fui seminarista e na congregação havia uma história muito bonita. São Leonardo Murialdo recebeu na porta do abrigo para menores uma mãe que pedia ao padre que cuidasse de seu filho. Ele, sem ter condição para receber o menino, mas comovido com o pedido da mãe disse que ficaria com o menino se ele fosse bom em algo. O menino olha o padre e diz: “Mas padre, não sou bom em nada”. O padre se compadece do menino e diz: “Vamos fazer o seguinte, apostamos uma corrida”. Assim foi, o padre e o menino correram, o menino ganhou a corrida e ouviu do padre: “Viste, és bom em algo, em correr”. Assim ele recebeu mais um menino entre tantos outros que tinha em sua casa de assistência profissional. Cada um, à sua medida, é ou pode ser o melhor.
Rosemiro A. Sefstrom
Nenhum comentário:
Postar um comentário