Espelhos
Vamos comentar acerca
de uma das perguntas mais fáceis de serem feitas, mas nem tão fáceis de serem
respondidas. Pergunte-se a você mesmo: Quem sou eu? Independente da resposta
que você elaborar, você estará trabalhando o princípio de identidade, ou seja,
o que identifica e diferencia você de outras pessoas. Mas para que você possa
se identificar e se diferenciar das outras pessoas é necessário um caractere de
identidade. Esse caractere pode ser chamado de espelho, ou seja, um conjunto de
condições que permite que você se veja e possa se identificar em meio às outras
pessoas. E agora, qual seria o espelho no qual você se olha? Para ilustrar a
situação, imagine uma menina com uns quinze anos de idade que usa como espelho os
outros. Neste caso, ela será para ela mesma o que os outros disserem dela. Se
os outros disserem que ela é feia, burra e pobre, muito provavelmente é assim
que ela se verá. Pessoas como esta menina, se tiverem esse princípio muito
forte, ficarão reféns da opinião alheia, buscando seguir o que os outros dizem
para ser alguém como os outros dizem que ela deve ser.
Nem sempre o espelho
que uma pessoa usa para identificar a si própria é o melhor ou é verdadeiro.
Algumas vezes a pessoa se mira em um espelho defeituoso e tem uma imagem distorcida
de si mesma, como o caso da menina. Essa opinião tanto pode ser ruim a respeito
de si própria, como pode ser boa. O interessante é que algumas pessoas usam
espelhos como ferramentas, tendo uma imagem de si mesma de acordo com o que
querem ver e não como realmente são. Existem ainda pessoas que usam diversos
espelhos ao mesmo tempo para montar a opinião a respeito de si, mirando no
mundo, na religião, nos pais, no marido. Estas pessoas terão como medida um
conjunto dos vários conteúdos que refletem aquilo que ela é. Quando estes
conteúdos forem unívocos, ou seja, transmitirem a mesma mensagem, todo bem. Mas
nem sempre é assim e uma pessoa que se acha muito boa, caridosa, pode ao mesmo
tempo se achar má e avarenta. Isso não é bom, mau, certo ou errado, mas será conforme
os espelhos que ela escolher para se refletir.
Com base nestas
informações pergunto: O que o outro pensa de você? Como dito anteriormente,
para algumas pessoas isto tem um peso muito grande, sendo inclusive linha de
condução para a vida. Mas, para que a vida seja melhor, é válido lembrar que
cada pessoa que você conhece e se relaciona no dia a dia está entrando em
contato com apenas uma parte de você. Assim, se lá no seu trabalho acham você
uma pessoa chata, sem sal e muito mal humorada, não há nada de errado nisso.
Justamente porque o que eles acham de você lá, se resume aquele local e aquelas
pessoas, pois elas entram em contato com você naquele contexto. Você pode pensar
em pessoas que convivem consigo mais tempo por dia, como a esposa, o marido, os
filhos, colegas de quarto e assim por diante. Mesmo nestes casos convivem apenas
com uma parte de você, não com o todo, pois dependendo das pessoas com as quais
você entra em contato, apenas alguns conteúdos são compartilhados.
E você, o que acha de
você mesmo? No início deste artigo os espelhos foram colocados como critério de
identidade. Quais seriam os espelhos que você usa? O que se pode recomendar é o
uso de vários espelhos a fim de se montar uma imagem multifacetada, ou seja,
com vários critérios de identidade. Desta maneira será possível formar um EU
que tenha por base conteúdos sólidos e descartar os que não têm conteúdo. Ao
usar somente um espelho, a pessoa pode viver como um cavalo que usa antolhos,
instrumento que limita a visão do animal. A liberdade de se mirar em diversos
espelhos pode lhe mostrar alguém que ainda não conhece: você.
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