Causa Eficiente
Há um bom tempo aprendi
em Filosofia Clínica que o papel de um professor é potencializar as
características de um aluno de modo a promovê-lo a partir de si mesmo. Numa
organização, qual o verdadeiro papel do líder? Não seria exatamente o mesmo, ou
seja, potencializar em seus liderados o que eles têm de melhor? Ser líder,
entre outras coisas é ter a capacidade de identificar no liderado as
capacidades a serem desenvolvidas e propiciar um ambiente adequado para o seu
desenvolvimento. Para ilustrar o processo de um bom líder podemos tomar por
base Aristóteles, sendo que ele foi o preceptor de Alexandre da Macedônia. Usarei
três conceitos do filósofo para ilustrar a formação de um líder, são eles:
potência, ato e causa eficiente.
O primeiro dos conceitos
é potência, o qual mostra tudo aquilo que está esperando as condições adequadas
para aparecer. Pode-se citar o exemplo de uma semente, nela está em potência
uma árvore, mas esta só aparecerá quando as condições forem adequadas para
isto. Numa pessoa, o líder que é formador percebe em seus liderados quais são
as capacidades que estão apenas como potência, ou seja, as capacidades que
ainda não encontraram as condições para aparecer. Em muitos casos o colaborador
é dedicado, pontual, pró-ativo, busca melhorar a cada dia, mas falta-lhe
amadurecer algumas características. O líder formador consegue perceber os
potenciais, sabe que aquele ou aquela colaboradora tem algo que precisa ser
cultivado para que aconteça. Desta forma, pode-se dizer que um líder que não
forma outros líderes provavelmente não consegue ver no outro potenciais,
capacidades a serem desenvolvidas. Desta forma pode-se questionar se ele é de
fato um bom líder.
Outro conceito é a
causa eficiente, o qual remete-se ao que faz com que o movimento aconteça. A
causa eficiente pode ter como exemplo o movimento de uma bicicleta que tem como
causa eficiente o homem que pedala. Desta forma o líder que se torna causa
eficiente é aquele que percebe a potência do colaborador e faz com que ela
aconteça. O líder percebe que seu colaborador tem em potência criatividade e se
torna causa eficiente dando ao colaborador a oportunidade de trabalhar no setor
criativo da organização. O mesmo pode acontecer com um colaborador que tem como
potência a organização, o controle, e este é convidado pelo seu líder para
cuidar do estoque, fazendo com que a potência aconteça. Todo líder que se torna
causa eficiente é um líder que provoca movimento, pois toda causa eficiente faz
com que aconteça a passagem da potência ao ato.
O ato é aquilo que é,
que se tornou real, fato. Assim, quando a organização tem um líder que é causa
eficiente, ele percebe quais são os potenciais de seu colaborador e cria as
condições para que estes potenciais se tornem em ato. O líder causa eficiente
conhece seus liderados a ponto de saber seus potenciais e como é necessário
agir para que este potencial se torne ato. Quando esta relação entre causa
eficiente, potência e ato está harmônica o líder se relaciona com o colaborador
como formador de outros líderes. Quando um líder é formador começam a aparecer
as equipes de alta performance, ou seja, todos os potenciais são aproveitados
da melhor maneira.
Não é preciso estar dentro
de uma organização para ser causa eficiente. Um pai, por exemplo, pode perceber
nos seus filhos quais são os potenciais e criar as condições para que eles se
tornem ato. Um bom professor pode perceber em seus alunos os potenciais, um bom
agricultor pode perceber nas suas terras os potenciais. O grande desafio não é
criar as condições, mas criar as condições de acordo com a pessoa e seu
potencial. O motivo pelo qual alguns líderes têm dificuldades para formar seus
liderados, é o fato de não conhecem seus colaboradores.
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