Encontro Nacional

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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Opinião

Vivemos no país um momento estranho, onde a revolta é algo defendido e contestado ao mesmo tempo. Os que defendem o direto de revolução tem por base a filosofia de John Locke, mas muitos outros justificam o dever do governo de fazer o necessário para continuar no poder, conforme pregava Maquiavel. Mas em qualquer um dos casos o comportamento tem por base uma verdade a respeito do momento que vive nosso país. Para alguns vivemos um golpe de esquerda, o “petismo” que toma o poder com base nas teorias de Gramisci, pelas beiradas, pela base. Outros acreditam que vivemos o cúmulo da corrupção e o absurdo do descaramento onde os políticos se apoderam do público fazendo-o privado. E agora? Qual é a verdade? Existe uma?
Para elucidar esta questão recorro a Platão, filósofo que tratou de modo magistral o significado de opinião e ciência. Para ele a ciência nos leva ao conhecimento do Ser e a opinião leva a julgar pelas aparências. Ainda segundo Platão a opinião está entre a ciência e a ignorância, sendo que para ele a opinião tem traços de coisas que levam o homem ao conhecimento, assim como também tem traços de ignorância. Em outros termos, ter opinião não é ser totalmente ignorante sobre um assunto assim como também não é ser totalmente sábio. É bom e producente ter uma opinião, mas também entender que a opinião não é uma ciência. Quanto mais uma pessoa conhece sobre um assunto, mais sua opinião é válida porque menos ignorante é.
Com leituras atentas, acompanhando notícias das mais variadas é possível elaborar as mais diversas opiniões sobre qualquer assunto, mas conhecimento é para poucos. É possível ler comentários de toda ordem sobre o momento nacional, mas são poucos os que podem afirmar com grande certeza como serão os próximos capítulos. Purificar o que se lê, o que se vê pela televisão é um bom caminho para sair das opiniões mais ignorantes para as opiniões mais sábias. Ainda assim a opinião é o que resta, ou seja, é o julgar pelas aparências.
Em nossa região, independente do momento cívico nacional, com os PECs e outros assuntos, é hábito julgar pelas aparências. Vive-se o dia-a-dia como um teatro de sombras, onde cada um posiciona a luz de modo a criar a melhor sombra aos outros. Esse é o grande problema, enquanto prestam atenção às colunas sociais, ao sensacionalismo, à imagem caricata, o que realmente tem de ser visto passa despercebido. No dia-a-dia mais e mais regras, menos direitos e mais deveres, mais direitos aos políticos e menos aos cidadãos. Se isso é uma verdade ou uma opinião, não sei, é algo que estamos presenciando. Fechar os olhos e achar que tudo vai continuar igual é a maior prova da inaptidão para ver.
Sair da opinião que são as sombras da caverna do mito platônico na direção do sol que se apresenta como conhecimento é o grande desafio. Sócrates, personagem principal do Mito da Caverna, queria tirar os homens da opinião e levá-los ao conhecimento e pagou com a vida. Pelo mundo houve muitos que tentaram gritar aos ouvidos de quem quisesse ouvir e pagaram também com a vida, tais como Gandhi, Martin Luther King. Os que ouvem a verdade, mas estão acostumados a viver de opiniões entre a ciência e a verdade, podem estar confortáveis assim. A opinião para muitos é mais do que julgar pelas aparências, é estilo de vida.

Rosemiro A. Sefstrom

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