Meu coração me traiu!
Cada pessoa ao se
conectar a uma outra, ou, como se diz em Filosofia Clinica, ao construir uma
interseção com a outra, põe uma série de conteúdos em comum. Algumas pessoas
colocam mais conteúdos nessa interseção, outras muito menos, de modo que se
constrói um espaço que forma a relação. A essa construção compartilhada
chamamos de relação, conexão, amor e outras milhares de palavras que apontam a interseção
entre duas pessoas. Mas, há um problema, como saber se a pessoa com quem estou conectado
é a pessoa certa? Como saber se numa relação em que dedico o meu amor a outra
pessoa está interessada em continuar comigo?
Um relacionamento pode
se iniciar por vários motivos, basta ver nos filmes: alguns começam porque a
moça ou moço é bonito, rico, inteligente, esperto, engraçado, mas isso pode ser
apenas um termo de passagem de um encontro em um relacionamento. Depois de um
primeiro contato, o casal começa a construção da interseção, de modo que cada
um põe os conteúdos em comum e partilha os conteúdos do outro. É ilusão achar
que os relacionamentos começam ou duram e até mesmo acabam por causa de amor.
Para muitas pessoas o amor é apenas uma sombra, sem cor, sem forma, elas sabem
que até pode existir, mas não estão interessadas. Cada relacionamento tem suas
peculiaridades, tanto a literatura quanto a vida são ricos em exemplos. Tenho
certeza que não sou o único que conhece um casal que vive de aparências, isso segundo
os vizinhos. Se a aparência faz o casal estar junto, vivem bem assim, o que há
de errado? Ou será que a maior parte dos homens e mulheres quando vão para a
balada estão em busca só de uma mente brilhante?
Mas, existem muitos
casos nos quais é realmente o amor que faz a relação acontecer. A menina ou o
menino realmente ama seu par, faz juras e espera que essa sensação boa dure
tanto quanto possível. Quando isso não acontece, às vezes a decepção é muito
grande, porque a pessoa depositou todo o seu amor em uma pessoa que não era a
certa. Mas como saber? O coração simplesmente diz, aponta para a pessoa e nada
se pode fazer contra ele, mas ele, assim como razão, também erra. Mas vamos
fazer ainda pior, digamos que uma moça tenha plena certeza de que aquele menino
não é para ela, mas ainda assim se apaixona. O coração traiu.
Para a pessoa que vive
o dilema, não parece tão simples quanto as palavras que escrevo, porque para
ela a razão aponta um caminho e o coração outro. Quando a razão tem mais força,
facilmente o problema é resolvido, mas algumas vezes o coração tem mais força.
São aqueles casos em que, contra todas as possibilidades, a menina ou menino se
apaixona pela pessoa errada. Uma situação ainda mais dura acontece quando tanto
a emoção quanto a razão tem força, nestes casos a dúvida é o que fica evidente.
O caso mais interessante acontece quando as emoções não conversam com a razão,
parece estranho, mas acontece. É o caso de uma pessoa que não tem a menor ideia
do porque, mas tem uma vontade louca de estar com a outra. Nesse caso a razão e
a emoção não se conversam.
Para não ser traída ou
traído pelo coração observe em sua história as vezes em que seu coração indicou
o caminho e se esse caminho foi bom. Assim como o coração, nossa razão também
pode errar. Não há como dizer quem é
melhor, razão ou emoção, mas cada um deve pesquisar em sua história de vida
quando usou um ou outro para decidir. Quando perceber o uso da razão, preste
atenção nos resultados da decisão, quando for o caso da emoção, a mesma coisa.
Você pode ser enganado pela emoção, mas também pode tentar conhecê-la e, quem
sabe, tornar-se um pouco mais independente.
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