Não sei!
Há um tempo em que
comecei a estudar Filosofia Clínica, naquele período achava que tinha
encontrado o caminho para encontrar as respostas que precisava sobre a alma
humana. Parecia bem provável para mim que pela Filosofia teríamos um caminho
longo e árduo sobre a alma humana, mas que, ao final, chegaríamos a alguma
resposta que pudesse preencher minha alma. No entanto, com o tempo e as aulas
que tive comecei a escutar uma incomoda resposta do professor: “Não sei!” Me
intriguei com a resposta, principalmente por ser a resposta de um filósofo. Por
experiência sei que esta espécie de estudioso costuma ter respostas muito bem
elaboradas e construídas, lhes dando certeza do que falam.
Por um tempo continuei
acompanhando as aulas e vendo aquele fenômeno do “não sei” permeando boa parte
das respostas do filósofo. Mas, como queria saber o motivo de tantas falta de
sabedoria para responder às questões feitas sobre o entendimento da alma
humana, fiz eu mesmo uma pergunta: “Professor, estou passando por uma fase
bastante difícil em minha vida, para tentar chegar a uma resposta preciso de
sua ajuda. Minha situação é a seguinte. Tenho vinte e um anos de idade, acabei
de me formar na faculdade e estou empregado, meu salário não é grande coisa,
mas me mantém. Gosto do que faço, modéstia a parte sei fazer bem aquilo para
que fui treinado, mas não tenho gosto pelo que falo, faço mais pelo que vem no
final do mês. Agora me surgiu a oportunidade de trabalhar em algo que gosto,
que é na área da educação. O primeiro ponto negativo é que o salário que já é
peque no vai ficar ainda menor. Depois tenho as contas para pagar e tantas
outras pequenas coisas que me dizem que não é viável mudar de profissão. Devo
seguir minha razão ou a minha emoção?” O professor olha com tranqüilidade e
responde: “Não sei!”
Não agüentei, fiquei
bastante chateado e perguntei: “Como assim, não sabe? Segundo a ordem das
coisas sou eu quem não sei e você quem sabe, o que acha?” O professor paciente
me responde: “Como posso saber quais as orientações de sua vida antes de
conhecê-la? Só posso orientá-lo depois de saber sua história de vida, a
orientação que sua caminhada tem e como tudo o que está dentro de você se
comportará com esta mudança”. Isso me levou a perceber que o que o professor
não sabia como eu deveria me comportar com relação às minhas próprias questões.
Veja bem, minhas próprias questões. Apontou que para mim, assim como para
qualquer um outro seria diferente.
A partir de então
percebi que cada pessoa tem uma forma única de ser e por assim dizer, de fazer
as próprias coisas. Lembrei dos conselhos dados aos amigos dizendo como
deveriam gerenciar a própria vida, seus amores e tristezas. Comecei a examinar
alguns dos conselhos e orientações que recebi, para não dizer tudo, a maior
parte do que me falaram dizia respeito à pessoa que estava me falando. Por
assim dizer, quem dizia que eu deveria chorar quando estava triste é porque
pensava que assim deveria todos fazer quando estavam tristes. Quem dizia que
dor de amor se cura com outro amor, é porque pensava que todos deveriam
comportar-se assim. Com o professor aprendi que para minhas questões sou eu
quem tem as respostas e para as questões de outras pessoas, sem saber sua
história de vida, sem conhecê-las, “Não Sei!”
Pense nisso!
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