Encontro Nacional

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Consciência

Nos estudos de Filosofia Clínica, muitas vezes se ouve a expressão: “Mas é preciso que a pessoa tenha consciência do que está errado para mudar!” Sem muito esforço, quase todos os presentes na aula, palestra, conversa, concordam de pronto. Mas o que seria a consciência? Numa pesquisa rápida pela internet aparecem diversas definições, mas uma delas me atrai mais. Nesta definição a palavra consciência é dividida em duas partes, a primeira “com” que quer dizer junto, e a segunda parte é “scire” que quer dizer “saber, conhecer”.  De acordo com esta definição a palavra consciência significa conhecer com outras pessoas, ou seja, aquilo que sei com os outros.
Fazendo uma busca mais ampla encontrei o significado dos livros de filosofia, onde o termo consciência traduz a capacidade de uma pessoa de ver a relação entre si e o ambiente. Para muitos filósofos existem dois tipos de consciência, a fenomenal e a consciência de acesso. A consciência fenomenal é a capacidade que a pessoa tem ou pode ter de processar os dados de sua experiência no ambiente. Simplificando, é a capacidade que você tem, de agora, enquanto lê, ouvir o som, sentir o cheiro, perceber o mundo a sua volta. Já a consciência de acesso, esta é um pouco diferente, é a capacidade que temos de entender ou não a nossa relação com o que se passa em volta. Neste caso é a capacidade que você tem de ouvir uma pessoa falar o seu nome e saber que ela fala com você.
Para transpor esse termo para a Filosofia Clinica precisamos entender o processo da consciência, ao menos o que se diz que as pessoas têm que ter. O primeiro passo é a pessoa se perceber dentro de um contexto específico, ou seja, se você está dirigindo na pista do ônibus em plena avenida, deve saber que é errado. Pode parecer estranho, mas algumas pessoas não se percebem dentro de um contexto, para elas o que importa, interessa, é que elas façam o que entendam precisam, ou querem fazer.  Esse é um primeiro obstáculo para a consciência, pois, para muitas pessoas, por mais que falemos, elas sempre vão entender que elas estão certas. Tenho certeza que você conhece alguém que sempre está certo, ou, como se diz, não tem consciência do que fez.
Uma segunda questão de tantas, é a epistemologia, o conhecimento. Digamos que a pessoa se vê dentro do contexto, percebe-se na relação com as outras pessoas, mas ela não consegue conhecer o que está acontecendo. Um exemplo são as pessoas que sabem que o casamento está desmoronando, sabem que elas são as mais responsáveis por isso, mas não conseguem aprender com isso, conhecer. Parece estranho, mas acho que você já deve ter olhado o motor de um carro, até dirigido um, mas não tem a menor ideia de como funciona. Isso faz com que, mesmo você se vendo, não consiga ter consciência do que está errado, isso porque o aprendizado não acontece.
Muitas pessoas têm consciência quando estão em relação com outras, entendem perfeitamente o seu lugar em cada espaço, mas, infelizmente, não têm consciência de si próprios, são pessoas que comem mal, dormem mal, vivem mal e não tem a menor ideia que estão fazendo isso. São pessoas que aprenderam conhecer tudo, menos elas mesmas. É perfeitamente possível que você tenha fortes dores de cabeça, mas nunca aprendeu a lidar com ela, nunca tentou conhecer a sua própria dor de cabeça.
Esse tema é muito vasto, aqui apenas coloquei algumas possibilidades. Apenas ilustrei as possibilidades de se ter ou não consciência, mas gostaria de deixar uma pergunta: “Por que ter consciência?”
Rosemiro A. Sefstrom

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