Jeito de ser!
Talvez você conheça uma
pessoa assim, ela repetitivamente cria objetivos, terminando um, logo cria
outro. Além disso, ela se vê presa a cada objetivo que cria e não consegue
levar sua vida adiante a menos que termine o que começou. Três fatores que
aparecem acima são interessantes, o primeiro é a repetitividade, ou seja, a
característica de se repetir sempre um mesmo movimento. A segunda
característica que aparece é a de criar objetivos, ou seja, metas, lugares onde
chegar. Em algumas pessoas é comum a característica de desejar, querer,
intencionar. E a terceira e última é a prisão que cada objetivo representa, uma
vez que prende a pessoa ou instituição ao objetivo. Para reconhecer pessoas que
funcionam assim é bastante simples, basta perceber se a pessoa a diz que não
consegue parar, que tem que terminar.
O primeiro fator a ser
verificado é a repetitividade em forma de ciclo, que podem ser desde ciclos
muito pequenos até ciclos muito grandes. Desde tomar banho uma vez por dia até
ir visitar um parente distante a cada dez anos. Estes ciclos são chamados em
Filosofia Clínica de Paixões dominantes, um motivo muito simples para isso é a
força que os ciclos exercem sobre a pessoa. De onde isso vem? Isso dependerá de
cada pessoa, não há um motivo específico. Uma pessoa que tem as paixões
dominantes fortes tende a repetir e repetir os comportamentos, mesmo que não
veja neles significado algum. Para algumas pessoas sair do ciclo gera medo,
insegurança, ansiedade, enfim, não sentem-se bem. Em outras pessoas é
justamente o contrário, a rotina é que lhes dá a sensação de segurança, bem
estar. Estes ciclos não são bons e nem maus, o significado que é dado por cada
um é que os faz serem o que são. Como fazer o balanço de uma empresa, para
alguns momentos de alegria, momento de contabilizar o sucesso de um trabalho
bem feito. Já, para outros este momento é um momento de chateação, uma vez que
o que tem para contabilizar já há um tempo são os pré-juízos.
O segundo fator são as
orientações criadas pela pessoa em cada ciclo, buscas que a pessoa ou
instituição cria. Uma busca é um direcionamento, um anseio, uma vontade, desde
as mais próximas até as mais distantes. Cada pessoa ou instituição, de acordo
com sua estrutura, tem determinadas buscas, direcionamentos. Não há nada de
mais e é muito normal que pessoas, empresas, instituições tenham objetivos
diferentes. Uma empresa quando cria um planejamento anual, o termo anual já dá
o ciclo onde ele acontece, ela está apontando determinadas direções para este
ano. Boas ou más elas deverão ser concretizadas, como forma de cumprir o ciclo.
Na vida pessoal não é diferente, para as pessoas que funcionam assim. Pessoas
que criam objetivos de curto, médio ou longo prazo, estão dando às suas
vivências um direcionamento. Se irão chegar onde querem, isso realmente
dependerá da trajetória e de vários outros fatores ligados às estrutura de cada
um.
No terceiro fator está
a Armadilha Conceitual, o termo sugere que a armadilha é e existe somente
enquanto conceito. E é assim mesmo, a prisão só existe se aquele que estiver
preso conceitualmente se sentir assim. Como um empresário que olha para a
empresa e diz: “Acho que fiz o que podia ser feito, vai quebrar”. Ao seu lado
um jovem funcionário diz: “Há uma saída”. Enquanto um vê o fim do túnel, o
outro vez a luz no fim do túnel, ou seja, a prisão dependerá do ponto de vista
de quem está olhando. Uma armadilha é uma prisão, um mecanismo que lhe impede
de sair do lugar. Para fazer um exercício bem simples e entender, pense no que
lhe impede de sair correndo e gritando agora. Tudo o que você pensar é uma
armadilha. Não é que você não possa, mas existem mecanismos que dizem que você
não pode e você acredita neles.
Juntando tudo, temos
uma pessoa que a cada tempo quer algo e vai em busca, sem terminar não pára.
Não há nada de errado em ser assim e viver assim, mas algumas pessoas a certo
ponto da vida acham sinceramente que já está bom onde chegaram, mas não
conseguem viver sem estar buscando. Para outras o problema está nos objetivos
que colocaram são inatingíveis, a pessoa quer seguir em frente, mas estão
presas. Podem acontecer diversos outros tipos de problemas que levem a pessoa a
não viver bem. Cada está estruturado diferente dos outros e é exatamente por
isso que os problemas de vida de cada um, são imensamente diferentes dos
problemas da vida do outro.
Rosemiro A. Sefstrom
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