Encontro Nacional

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Desfecho

Esta semana lendo o jornal vi uma reportagem que falava de um grande pesquisador americano que se dedica a mostrar como o cérebro nos engana. O exemplo usado pelo pesquisador é da dieta que a pessoa diz que vai começar na segunda, mas que antes do fim de semana come mais que o normal, que compra frutas e verduras na sexta-feira, mas as deixa murchar até a segunda-feira, deixando-as de certa forma menos atrativa. Outro exemplo são de grandes objetivos que temos com relação a nós mesmos que não conseguimos alcançar porque nosso cérebro não nos deixa levar adiante. Os exemplos citados por ele mostram situações em que o cérebro não nos deixa concluir nossos objetivos, realizar uma tarefa que “queríamos” fazer.
É comum ouvir num consultório de Filosofia Clínica coisas como: gostaria de começar um regime, mas não consigo; queria voltar a estudar; nunca conseguir dizer que amo aquela garota. Cada um destes exemplos são situações em que o que eu quero, preciso, devo, enfim, o que era para ser feito, não foi. Mas o que fez com que não acontecesse o desfecho? O que travou a pessoa a ponto de ela não levar a cabo o que pretendia? Para cada um pode ser um motivo diferente, mas em cada um de nós há o que nos estimula e o que nos trava. Em Filosofia Clínica, ao estudar a história de vida da pessoa, provavelmente vamos saber o que a travou, ou seja, que não deixou a pessoa ir ao desfecho. Lembrando que algumas coisas não devem mesmo ir em direção ao desfecho, são perfeitas quando não acabadas.
Mesmo sem saber o que travou o projeto de alguém, pode-se indicar algumas maneiras de começar o que deveria levar a um fim. Para algumas pessoas o projeto não começou ainda porque não tem uma data, ou seja, a falta de estipular um início e fim faz com que ela nem inicie. Se for este o caso, pode-se ver o projeto de vida e colocar datas, tanto de início quanto de fim, com isso provavelmente ele sairá do pensamento. Alguns podem dizer: “eu já fiz isso”. Talvez sim, mas para alguns as datas não podem vir deles mesmos, precisam vir de fora. Pode-se citar um exemplo da esposa que chega para o marido e diz: “Você tem seis meses a partir da semana que vem para perder 10 quilos”. Pronto, agora, com uma data que veio de fora ele consegue colocar em prática o que há anos sozinho não conseguia.
Em outros casos o problema está no tamanho do percurso que se tem de trilhar para chegar a um fim. É como uma caminhada, enquanto o objetivo final não é visível o caminhante permanece firme e forte, sequer cansa, mas quando vê o objetivo a alguns metros parece que não vai lcançar. Para este tipo de pessoa, normalmente se diz que nadaram, nadaram e morreram na praia. Talvez se para estas pessoas a caminhada fosse dividida em pequenas etapas, é provável que cada pequeno trecho teria um peso muito menor que o todo. É como a faculdade que tem cinco longos anos, sendo que a mesma pode ser dividida em dez curtos semestres. Se o caminho tiver pequenas divisões e for completado em cada parte, ao final a pessoa terá o todo.
Há ainda as pessoas que precisam de companhia, aquelas que têm seus objetivos, mas concluí-los depende de alguém que possa fazer parte. É o caso das milhares de meninas e meninos que vão para a academia enquanto têm companhia de outros amigos. É o caso daquele rapaz que tem grandes ideias, mas o desfecho delas só acontecerá na companhia daquele amigo mais despachado, mas afoito. O desfecho, o término de um trajeto pode ser importante para algumas pessoas, para tantas outras não. Quando for importante o desfecho, o término, é preciso estudar na pessoa as ferramentas que possam levá-la até lá.

Rosemiro A. Sefstrom

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