Encontro Nacional

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O erro de pensar que estou certo!


Por cultura, costume, aprendizado, facilidade, de qualquer outro fator, em nosso tempo é comum as afirmações partirem com força de unanimidade. Vamos ver se você concorda comigo. Nosso mundo é um lugar de diferenças, entre o pobre e o rico, o que tem e os que não têm. Assim, cada um luta para ter o que não tem e assim gera uma luta entre as classes. Para terminar da luta entre os que têm e os que não têm sobram alguns poucos, os excluídos. Concordou com o que escrevi? Não estou sendo nada original, este pensamento data do século XIX, escrito por Karl Marx. Posso concordar com ele, discordar dele, posso nunca ter lido tal opinião, mas não muda o fato de que ele já havia falado sobre isso.
Quando penso em algo, não posso considerar este pensamento como um axioma, uma verdade antes de qualquer argumentação. Caso contrário, corro o risco de estar sempre certo, ter a visão correta do mundo, saber exatamente quem sou e assim por diante. Afirmando categoricamente sobre elementos do qual discorro estou apenas propagando uma filosofia do eu, como se eu fosse o mentor do mundo. Quando você senta à mesa, sente o cheiro da comida e diz: “Macarrão é sempre uma delícia!” Eu lhe pergunto, esse macarrão é uma delícia para todos? Acredito que não, assim como todo o restante das coisas.
Assim como o gosto, mesmo que apreendido socialmente, não podemos afirmar que todo italiano gosta de polenta, apenas por ser italiano. Assim como não podemos dizer que todo baiano gosta de acarajé, só por ser baiano. A unicidade de cada ser se apresenta justamente no ser único em cada coisa, em cada palavra, ação... Mesmo que outra pessoa tenha as mesmas atitudes, movimente-se ao mesmo tempo, tudo o que a leva fazer é, provavelmente, diferente das minhas motivações. Só é possível afirmar por mim o que quer que seja afirmado. Se digo que o mundo é feio, cruel, sujo, assim o é para mim e não para a população mundial, não importa os motivos, apenas é assim.
Em cada um existe uma história, todo um conteúdo que é reelaborado a cada instante, levando a pessoa de um momento a outro de sua vida. O seu gosto estranho por músicas antigas quando todos gostam de músicas contemporâneas é algo que podemos ver de onde vem. Há como saber de onde você veio e, provavelmente, para onde se encaminha. Sua história faz de suas opiniões únicas e por mais que existam parecidas, são resultado de outra história de vida.
Durante a leitura de todo este artigo lembre-se de que o que pensa a respeito do que quer que seja é você que pensa. Quando você acha que, num dia de sua história machucou alguém, é você que pensa assim. Tudo aquilo que for colocado em tese sem que exista uma correspondência pode ser considerado como falso. Assim, se você olha seu velho pai aconchegado a uma cadeira, com olhos de mágoa, é você que vê assim. Em muitos casos ele ama você, está ali esperando seu retorno, mas você nunca foi perguntar o que se passava.

Rosemiro A. Sefstrom

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