Durante toda a Idade
Média a Igreja era a grande detentora da verdade, era ela quem determinava
quais eram os conhecimentos considerados verdadeiros, assim como os falsos.
Naquela época qualquer filósofo, cientista ou pensador que resolvesse propor
uma verdade diferente da publicada pela Igreja estava em apuros. A estas
verdades propostas pela Igreja chamamos de dogma. Muitos pensadores tiveram que
se retratar dizendo que estavam errados e outros, com menos sorte, foram queimados
vivos, enforcados, etc. Isso acontecia porque qualquer verdade diferente
daquela publicada pela Igreja era considerada uma heresia, ou seja, uma ofensa
contra a mesma. Depois desse período veio o Renascimento onde muitos artistas,
filósofos, cientistas começaram a gritar a livres pulmões novas verdades, agora
não mais sob a tutela da igreja. O problema que se instalou na época não era
mais a liberdade de expressão, mas o quanto se poderia considerar verdade o que
era dito.
Com esta preocupação
vieram muitos filósofos que retomaram os gregos e foram muito além do que eles
já haviam produzido. Durante a Idade Média o critério de verdade era a ligação
com Deus, só podiam ser verdadeiras as verdades que Deus comunicasse aos
escolhidos. Já no Renascimento e depois durante o Iluminismo nasceram vários
métodos que tentaram dar ao conhecimento uma infalibilidade. Para ilustrar alguns
métodos desenvolvidos naquele período pode-se citar René Descartes e John
Locke.
Para René Descartes a
verdade só era possível se seguíssemos o caminho da razão, para ele todo
conhecimento antes de ser considerado verdadeiro deveria passar pelo crivo da
dúvida. O filósofo levou tão longe sua dúvida metódica que chegou a entender
que apenas por pensar é que se pode provar a existência e disso derivariam
todas as verdades.
John Locke seguiu outro
caminho, uniu as sensações com o pensamento. Para ele o caminho para se chegar
a verdade deveria combinar o sentir com o pensar. Deste modo, o que estivesse no
ambiente deveria ser recebido corretamente para que o pensamento não fosse
enganado e pudesse processar corretamente as informações. Com Descartes temos a
escola filosófica chamada de racionalismo e com John Locke temos a escola dos
empiristas. Cada uma destas escolas trouxe colaborações inestimáveis para
praticamente todos os ramos do conhecimento.
Até o momento há a
ilustração prática de dogma, de racionalismo e empirismo. Até mesmo os dogmas,
que são verdades existentes antes mesmo da experiência podem ser entendidos
como método. O método é um caminho através do qual saio de um ponto e me
desloco até outro, já o dogma vai direto ao fim do caminho sem ter que
percorrê-lo. A diferença entre dogma e método está na maneira pela qual se
considera algo verdadeiro ou falso, como se pode perceber até aqui.
Em Filosofia, muitos
pensadores já foram e ainda são tomados como dogma. Pensadores como Platão são
idolatrados e se entende tudo o que eles disseram como uma verdade. Pessoas que
pegam um pensamento cristalizado e o assumem podem ser consideradas dogmáticas.
Já as que pegam o pensamento de um outro autor, pensam sobre o mesmo, criticam
e aproveitam somente aquilo que considerarem verdadeiro, essas são metódicas.
Em Filosofia Clínica,
temos um método, um caminho para ser chegar a uma verdade, ao conhecimento.
Mas, cada método tem suas falhas, suas fraquezas, como qualquer ferramenta de
uma oficina. Algumas ferramentas são mais versáteis, mas ainda assim não fazem
tudo. O que temos em Filosofia Clínica é um método para se conhecer uma pessoa
e não uma verdade sobre um método.
Nenhum comentário:
Postar um comentário