Encontro Nacional

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Isso é assim para mim!

Um dos diversos estudos da filosofia se chama de fenomenologia, um nome comprido e complicado, mas de entendimento bastante simples. A fenomenologia nasceu pelas mãos de Edmund Husserl, um dos mais influentes filósofos do início do século XX. Vindo do grego phainesthai, significa aquilo que se apresenta ou se mostra; unida à palavra também grega logos, neste caso significando explicação, estudo. Unindo as duas palavras temos o estudo dos fenômenos, ou seja, o estudo daquilo que se apresenta, se mostra. Desde a sua origem, a grande preocupação da fenomenologia é mostrar as coisas como elas são tanto quanto possível. Traduzindo de outra forma pode se dizer que a fenomenologia buscar ver as cosias como elas são para a pessoa, considerando-se que cada um apresenta maneiras diferentes de entender uma mesma informação.
Assim, se você levantar os olhos nesse momento e olhar tudo que está a seu redor vai perceber muitos fenômenos, pois muitas informações se apresentam aos seus sentidos e são transformadas em consciência. Mas, se você pedir que a pessoa sentada a seu lado faça o mesmo movimento de levantar os olhos e descrever o que ela vê, provavelmente fará um relato diferente do seu. Não que o que estava ao redor mudou, ou seja, ficou diferente, mas os conteúdos dos sentidos tornados consciência foram diferentes. Para você, por exemplo, a descrição pode ter como base elementos visuais, para a pessoa que está a seu lado a descrição pode ter como base dados olfativos. E, mesmo que tenham o dado visual como base, cada um pode e provavelmente vai perceber coisas diferentes. Isso não é bom nem mau, nem certo ou errado, mas a forma como cada um percebe o mundo que o rodeia.
Se isso for compreendido é possível entender que, quando seu filho fala que a cidade onde ele mora é suja, não tem o que fazer, é um lugar de pessoas mais velhas, é assim para ele. Seu filho não está dizendo que a cidade que você vê, uma cidade limpa, cheia de opções e muita gente nova, está errada. Ele apenas está apontando o que se apresenta às suas vistas, fenomenologicamente. A representação que cada um montou a respeito da cidade é diferente em função de diversas coisas, uma delas pode ser a idade,  visto que cada um freqüenta lugares diferentes da cidade e tem diferentes gostos por diversão.
Ignorar que cada pessoa tem um ponto de vista subjetivo da realidade que o cerca é desconsiderar a existência do outro. Quando isto acontece, vemos coisas grotescas, como dizer que uma pessoa é triste porque não teve pai e nem mãe. É como dizer que um menino ou menina é o que é por causa de sua condição social na infância. Não sabemos como a outra pessoa representa o que viveu, para muitos foi exatamente um passado difícil que fez deles pessoas maravilhosas. O ideal seria você perceber que o mundo só é como você o vê para si mesmo.


Rosemiro A. Sefstrom