Encontro Nacional

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quarta-feira, 27 de maio de 2015

A influência dos filósofos na administração

Charlyton Vasconcelos


Os filósofos buscam constantemente soluções para os problemas que o correm em seu meio podendo ser externo ou até mesmo interno. Eles buscaram em sua época o que as organizações buscam constantemente: planejamento, organização das tarefas, direção e controle, porém vemos que em um período tão desglobalizado, houve mais resultados positivos do que muitas empresas que existem hoje em dia. 

Merece referências a influência dos filósofos gregos, como Platão (429 a.C. 347 a.C.) discípulo de Sócrates, e Aristóteles (384 a.C. 322 a.C.), discípulo de Platão. Ambos deixaram contribuições para o pensamento administrativo do Século XX. Platão preocupou-se com os problemas de natureza política e social relacionados ao desenvolvimento do povo grego. Aristóteles impulsionou o pensamento da Filosofia e no seu livro Política estudou a organização do Estado.

Outros filósofos deixaram importantes contribuições para a formação do pensamento administrativo: Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) historiador e filósofo político italiano, seu livro mais famoso, O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532) refere-se à forma de como um governante deve se comportar. Segundo Maximiano (2000, p.146), Maquiavel pode ser entendido “como um analista do poder e do comportamento dos dirigentes em organizações complexas”. Certos princípios simplificados que sofreram popularização estão associados a Maquiavel (observa-se o adjetivo maquiavélico):

- “Se tiver que fazer o mal, o príncipe deve fazê-lo de uma só vez. O bem deve fazê-lo aos poucos”.

- “O príncipe terá uma só palavra. No entanto, deverá mudá-la sempre que for necessário”.

- “O príncipe deve preferir ser temido do que amado.”

Francis Bacon (1561 – 1626) filósofo e estadista inglês, considerado um dos pioneiros do pensamento científico moderno, fundador da Lógica Moderna baseada no método experimental e indutivo (do específico para o geral). Segundo Chiavenato (1983, p.22) com Bacon é que encontra-se a preocupação com a separação experimental do que é essencial em relação ao que é acidental. Antecipou-se ao princípio da Administração “prevalência do principal sobre o acessório”.

René Descartes (1596 – 1650) filósofo, matemático e físico francês, considerado fundador da Filosofia Moderna, celebrizado pela sua obra “O Discurso do Método”, em que descreve os principais preceitos do seu método filosófico, hoje denominado “método cartesiano” cujos princípios são:

- Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência – não é verdadeiro até que se saiba com evidência, ou seja, como realmente verdadeiro.

- Princípio da Análise ou da Decomposição - dividir e decompor cada parte de um problema para analisar as suas partes separadamente.

- Princípio da Síntese ou da Composição – processo racional que consiste no ordenamento dos pensamentos, dos mais fáceis e simples para os mais difíceis e complexos.

- Princípio da Enumeração ou da Verificação – em tudo fazer recontagens, verificações e revisões de modo a tornar-se seguro de não ter havido qualquer omissão durante o processo de raciocínio (checklist).

Thomas Hobes (1588 – 1679) filósofo e teórico político inglês, segundo o qual o homem primitivo era um ser anti-social por definição, atirando-se uns contra os outros pelo desejo de poder, riquezas e propriedades – “o homem é o lobo do próprio homem”. O Estado surge como a resultante da questão, que, de forma absoluta, impõe a ordem e organiza a vida social.

Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) propuseram uma teoria da origem econômica do Estado. Chiavenato (1983, p.23) escreve que, de acordo com Marx e Engels a dominação econômica do homem pelo homem é a geradora do poder político do Estado, que vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, ainda segundo Chiavenato, Marx e Engels afirmam que a história da humanidade sempre foi a história da luta de classes, resumidamente, entre exploradores e explorados.

Adam Smith (1723 – 1790) filósofo e economista escocês, considerado como criador da Escola Clássica da Economia, em 1776 publica a sua obra “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”, mais conhecido como A Riqueza das Nações, já abordava o princípio da especialização dos operários e o princípio da divisão do trabalho em uma manufatura de agulhas para destacar a necessidade da racionalização da produção. Conforme Chiavenato (1983, p.30), para Adam Smith, a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos, pensamento que, mais tarde, Frederick Winslow Taylor e o casal Frank e Lilian Gilbreth viriam a desenvolver, fundamentando a Administração Científica.

Todo indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o promove. Ao preferir dar sustento mais à atividade doméstica que à exterior, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e, ao dirigir essa atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, ele tem em vista apenas seu próprio lucro, e neste caso, como em muitos outros, ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção. E o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o pior para a sociedade. Ao buscar seu próprio interesse, freqüentemente ele promove o da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente tem a intenção de promovê-lo. (“Adam Smith, A Riqueza das Nações, Livro IV, capítulo 2”).

David Ricardo (1772 – 1823) economista britânico, em sua obra “Princípios de Economia Política e Tributação”, publicada em 1817, tratava de teorias cujas bases residiam nos seus estudos sobre a distribuição da riqueza a longo prazo. Segundo David Ricardo o crescimento da população tenderia a provocar a escassez de terras produtivas. Tal Como Adam Smith, Ricardo admitia que a qualidade do trabalho contribuía para o valor de um bem. O trabalho era visto como uma mercadoria. Uma importante contribuição sua foi o princípio dos rendimentos decrescentes, devido à renda das terras. Tentou deduzir uma teoria do valor a partir da aplicação do trabalho. Ricardo tornou-se o clássico por excelência da Economia, apesar de se inspirar em grande parte da sua análise na obra de Adam Smith acabou por criticá-lo. Alterou o conceito de valor de uso de Adam Smith definindo-o como a Utilidade, ou seja, a capacidade do produto satisfazer as nossas necessidades. Como contribuições para a formação do pensamento administrativo, resumidamente, é possível destacar: suas posições a respeito do custo do trabalho e sobre os preços e mercados.

John Stuart Mill (1806 – 1873) filósofo e economista britânico publicou “Princípios de Economia Política” onde, segundo Chiavenato (1983, p.31) apresenta um conceito de controle objetivando evitar furtos nas empresas. Acrescenta duas qualidades importantes, a fidelidade e o zelo.

A partir do Séc. XX poderemos verificar no pensamento de Peter Drucker a crescente preocupação com as novas formas de atuação do administrador enquanto individuo e da administração enquanto prática para que tal indivíduo alcance e desenvolva a felicidade, zelo, controle do trabalho, utilidade do valor, a ordem, a organização, e outros aspectos já evidenciados pelos filósofos clássicos diante de um mundo tão complexo como o que vivenciamos hoje, chamado de mundo globalizado.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Uma reflexão sobre ética e filosofia.

A ética da prática filosófica

R. W. Hepburn
Universidade de Edimburgo
A prática filosófica faz exigência morais extenuantes: honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação; uma capacidade para tolerar uma incerteza prolongada quanto a questões sérias; a força de carácter para mudar as nossas ideias quanto a crenças básicas, e para seguir a argumentação e não as nossas inclinações emocionais; independência mental em vez da disposição para seguir as modas filosóficas.
O respeito moral pelos leitores e ouvintes exige que um filósofo evite a persuasão não racional, que não seja adulador, que não escarneça das outras pessoas e que não as procure manipular de outras formas de modo a concordarem com ele. A filosofia devia demonstrar que podemos discordar profundamente sobre questões fundamentais sem abandonarmos uma razoabilidade comum. O mesmo respeito exige que o filósofo exponha a estrutura do seu argumento tão claramente quanto possível, de modo a encorajar, e não impedir, a sua crítica.
A claridade e a simplicidade de estilo, o uso mínimo de expressões técnicas e o abandono do aparato técnico quando a linguagem comum pode ser adequada expressam também uma preocupação em ser entendido e em deixar ao argumento e à justificação, só por si, o papel de persuadir. Um estilo enfatuado e obscuro pode mascarar lacunas reais na argumentação. Um estilo pretensioso pode dissimuladamente trabalhar no sentido de desarmar a apreciação crítica, substituindo a autoridade do argumento bom com a pretensa autoridade pessoal do filósofo, apresentado como um sábio.
A filosofia tem uma responsabilidade séria pela linguagem. É um dos seus mais importantes guardiães — obrigada a opor-se a terminologias que enleiam ou confundem o pensamento. Uma linguagem negligente e imprecisa perde sensibilidade às distinções entre o razoável e o irrazoável, entre o argumento bom e o mau — em qualquer área, incluindo as áreas da moral pessoal e política. Empobrecer os recursos da linguagem pode também empobrecer a experiência humana, negando-nos as palavras de que precisamos para articular a sua variedade.
Será que sublinhar o estilo e o domínio da linguagem implica que a filosofia é um ramo da literatura? Em alguns aspectos importantes, a filosofia é literatura. Mas a aproximação é levada demasiado longe quando um filósofo deixa que a apresentação imaginativamente vívida de uma perspectiva sobre o mundo lhe dê uma aparência de auto-evidência, desviando a atenção crítica do facto de as categorias não terem sido deduzidas e de a justificação argumentativa ter sido subordinada à expressão da “visão” semi-poética.
Os filósofos precisam, pois, de um robusto sentido da sua falibilidade. É insensato que um filósofo aspire ao papel de especialista ou autoridade, pois isso é um passo mais no sentido do enfraquecimento da atenção crítica por parte de leitores e ouvintes de que o filósofo constantemente carece.
R. W. Hepburn

Bibliografia

  • Max Black (org.), The Morality of Scholarship (Ítaca, NY, 1967)
Acesso: http://criticanarede.com/fil_eticaefilosofia.html (11.05.2015)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Para refletir, o que propiciamos aos nossos filhos pode promover a desigualdade! 

Devemos então ter comportamento de manada?


Ler historinhas para o seu filho pode contribuir para a desigualdade, diz acadêmico


E acadêmicos tentam me convencer de que vale tudo para combater a desigualdade social. Além de sobretaxas e impostos dos mais malucos, o cidadão agora é incentivado a refletir: será que contar historinhas para a criança antes de dormir não contribui de alguma maneira para a desigualdade social?
Segundo o filósofo Adam Swift, em entrevista para a ABC Radio National, sim. Algumas coisas que leio por aí rendem risadas por semanas.
Ao fazer um levantamento sobre a educação das crianças, descobriu-se que a diferença entre aquelas que ouvem historinhas antes de dormir para aquelas que não ouvem é maior do que a diferença entre aquelas que estudam em escolas caras para aquelas que não estudam.
Para Swift, não é justo que algumas crianças ouçam historinhas antes de dormir e outras não. E, por isso, para ele, os pais deveriam ter consciência de que quando contam historinhas estão contribuindo para a desigualdade e que poderiam pensar sobre isso ocasionalmente.
É baseado nessa ideia de que alguns são privilegiados em detrimento de outros que hoje se discutem as propostas mais absurdas, quando todos deveriam ser incentivados a fazer o melhor que podem para os seus filhos. Alguém já disse que vivemos na época do ressentimento.
Além do ressentimento, a tendência atual é clara: institucionalizar a criança e a família. Por exemplo, o governo se acha no direito de proibir propagandas voltadas para o público infantil. Não importa o que os pais pensem sobre isso, não interessa a liberdade dos pais de estabelecer suas próprias regras, haverá sempre alguém de fora para decidir o que é melhor na sua casa.
Que muitos pais não sabem direito como lidar com os filhos é evidente, como também é certo que acadêmicos e políticos sabem menos ainda. Ou você deixaria o seu filho sozinho numa sala com um desses deputados que discutem o Estatuto da Família?
As boas intenções são usadas como reboco nas paredes do inferno. Movimentos que tentam transformar as relações familiares e a intimidade conjugal em esquete de Monty Python.
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Acesso: https://br.noticias.yahoo.com/blogs/guy-franco/ler-historinhas-para-o-seu-filho-pode-contribuir-113815935.html (08.05.2015)