Encontro Nacional

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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

BBC – Humano, Demasiado Humano


A série Humano, Demasiado Humano apresenta um resumo biográfico dos filósofos Friedrich Nietzsche,Martin Heidegger, e Jean-Paul Sartre.
Aos que querem conhecer melhor os autores recomendo esta série que contem vídeos com duração de aproximadamente 50 minutos. Ao longo dos vídeos especialistas nas obras dos autores procuram apresentar da melhor maneira o pensamento e a vida de cada um dos autores. Hoje, segue como sugestão Nietzsche, Além do Bem e do Mal.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013


Neste vídeo Michel Foucault expõe seu pensamento filosófico, aponta o conteúdo de algumas de suas principais obras. Uma das melhores formas de se compreender um autor é ter com ele mesmo sobre o que ele prega. Fica a sugestão:
Título: Foucault par Lui Même
Gênero: Documentário
Duração: 61 minutos
País: França
Lançamento: 2003
Direção: Philippe Calderon
Montagem: Christian Billette
Produção: BFC Productions
Anfitrião

Nos últimos tempos tive o privilégio de atender algumas grávidas, ajudá-las a passar por um momento que nem sempre é de alegria. No trabalho com uma delas me chamou atenção sua preocupação com o mundo para o qual traria seu filho. Dizia ela ter ouvido  muitas mulheres que alegam não querer filhos pela situação em que o mundo se encontra. Depois de um dos atendimentos me lembrei de Anfitrião. Cito um trecho do que pode ser encontrado na internet: “na mitologia grega, Anfitrião era marido de Alcmena, mãe de Hércules. Enquanto Anfitrião estava na guerra de Tebas, Zeus tomou a sua forma para deitar-se com Alcmena e Hermes tomou a forma de seu escravo, Sósia, para montar guarda no portão. Uma grande confusão foi criada, pois Anfitrião duvidou da fidelidade da esposa. No fim, tudo foi esclarecido por Zeus, e Anfitrião ficou contente por ser marido de uma escolhida do deus. Daquela noite de amor nasceu o semideus Héracles. A partir daí, o termo anfitrião passou a ter o sentido de "aquele que recebe em casa". O mesmo ocorreu com sósia — "cópia humana", ou seja, semelhança humana”. Antes de qualquer riso de canto de boca, é necessário entender que para um ser humano grego ter sua mulher escolhida por um Deus como sua amante era um privilégio, semelhante a Virgem Maria.
Desde então o termo Anfitrião é utilizado para a pessoa que recebe as pessoas em sua casa, que paga uma conta, que dirige um evento. Anfitrião é então aquele que recebe e orienta o que a pessoa irá viver enquanto estiver em sua companhia. Quando você recebe alguém em sua casa e é o Anfitrião, como é que você faz? Se eu fosse a sua casa, o que me mostraria? A sujeira embaixo do tapete, os restos de comida em potinhos na geladeira, o banheiro que ficou sujo, ou me ofereceria o que tem de melhor em sua casa? É provável que você, ao receber os amigos, se prepare, arrume a casa, compre o que é necessário para satisfazer seus convidados. Seguindo nesta linha de pensamento pensei na mulher grávida com quem conversava, não pensando-a como mãe, mas como uma Anfitriã. Agora, era a mãe que estava com um convidado para chegar, deveria ela estar preparando tudo para que seu convidado ficasse satisfeito.
A criança ao chegar ao mundo tem os pais por anfitriões, sua visão de mundo dependerá inevitavelmente do que for mostrado inicialmente pelos pais. Se os pais mostram à criança um mundo mau, violento, onde as pessoas se voltaram umas contra as outras, é provável que a criança viva este mundo. Não digo que os pais devem criar um mundo de fantasia, mas não precisam necessariamente criar um mundo mau. Quando uma pessoa vem me visitar mostro a ela a casa, os ambientes, como se vive na casa, mas também peço cuidado com o cachorro, pode morder. Dizer que existem perigos em minha casa não significa fazer do cachorro um monstro devorador de pessoas, deve-se apenas deixar ele no espaço dele.
Você, enquanto mãe, sabe em que mundo o seu filho virá? Eu sei: o mundo que você preparar para ele, um mundo no qual você é a anfitriã e pode direcionar de acordo com o que entende ser melhor. Ao longo da vida ele provavelmente vai construir a visão dele, esta pode ir contra, a favor, compor com a que aprendeu com você. Mas, antes de chegar à autonomia o mundo passa pelo filtro do anfitrião, que aponta o que e como viver. Para ser um bom anfitrião não basta estar preparado para os convidados, é necessário estar preparado de acordo com o convidado que virá. Qual é o seu convidado? O texto sobre Anfitrião foi retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfitri%C3%A3o (Acesso em 26.11.2013)

Rosemiro A. Sefstrom

domingo, 22 de dezembro de 2013



Ao longo da história da Filosofia, uma entre tantas de suas buscas consiste em encontrar receitas que mostrem como o homem funciona, procurando apontar características universais e necessárias de qualquer ser vivente. Mesmo assim, praticamente dois mil e quinhentos anos após o início destes esforços cada vez mais se percebe que o ser humano é único. Sua participação em algumas características mais amplas não faz dele um igual a todos os outros. No entanto, na atualidade o que vem acontecendo com certa rapidez é a diferenciação por massificação. Explico: cada vez mais se busca ser diferente sendo igual. Um sujeito que vive no interior do Estado do Amazonas para ser diferente dos outros de sua cidade busca ter o melhor celular de todos. Esta regra também vale por aqui, ou seja, o sujeito busca ter características divulgadas pela mídia para ser diferente dos que estão ao seu redor. Esta é uma forma de diferenciação feita via massificação, como alguém que compra a melhor marca de carro para se diferenciar do restante das pessoas com quem convive. É claro que a olhos vistos ele não conseguirá diferenciar-se ao massificar-se, mas a ele, enquanto ser vivente dentro de um contexto específico se sentirá diferente pelo que tem.

Atualmente, via internet e outros meios de divulgação é cada vez mais fácil ter o que é moda nos mais diversos centros mundiais. Ao mesmo tempo é cada vez mais comum um jovem querer ser diferente sendo igual a muitos outros pelo mundo, o ser individual dele morre ao passo que ele se massifica. Foucault, filósofo francês, prega que a ciência deveria ser chamada de “heterotopologia”, o que significa ser uma ciência dedicada a estudar os diferentes espaços presentes numa mesma realidade. Para ele não há duas pessoas iguais, mas sim um sistema que cria regras para tratar a todos como iguais, para entender um pouco disto basta ler seu livro “História da loucura na Idade Clássica”. Nesta obra ele é taxativo: se existem regras abrangentes, estas existem para facilitar o domínio das pessoas como um todo, não mais como indivíduo.

Em outra obra chamada “As palavras e as coisas” Foucault mostra que quanto mais palavras são utilizadas para descrever algo, menos se tem do objeto. Levando em conta esta obra do autor e o atual passo da ciência reconhece-se que estamos cada vez menos o homem é visto como experiência pura. O homem enquanto ser puro é experiência única, você, a pessoa que está lendo este artigo agora é único. No entanto, ao olhar-se no espelho, ao andar com seu carro, estando numa escola, ao pagar seus impostos, você é apenas mais um, em alguns casos nada mais que um número. Não há mais a experiência pura de você, em alguns casos nem mais no seu casamento onde a esposa ou marido lhe vê apenas como mais um marido ou esposa. A experiência radical do outro é feita quando não há dados descritivos comparativos, onde suas características são um agrupamento único de características.

Como forma de exemplificar, comparemos uma pessoa a um café. Se você sentar e tomar um café, você sabe que é café, mas qual será seu gosto? Se você prestar muita atenção verá que não existe um café comparado ao outro. Se a experiência do café for radical ele fará parte de você, será único por si mesmo, porque faz parte de você. Retornando à ideia de Foucault de experiência pura, seria então perceber num mesmo espaço diferentes pessoas, cafés, sucos, paisagens. Quando alguém compara você, de alguma forma você está morto, porque a partir daquele momento você é apenas mais uma experiência contabilizada. Se você for vivido radicalmente e viver radicalmente o outro, fará parte dele e ele de você, não haverão pessoas, coisas, haverá sempre pessoa, coisa, únicos como experiência e participação.

Rosemiro A. Sefstrom

Universais

Universais

Muito tempo atrás tive aulas de inglês, minha antiga professora dizia que deveríamos pensar em inglês para que assim pudéssemos aprenderia falar mais facilmente. Tentei entender o que ela queria dizer com “pensar em inglês”, de fato nunca entendi, possivelmente por isso até hoje tenho uma relação conturbada com este idioma. O mesmo raciocínio explica a facilidade que algumas pessoas de língua portuguesa tem de aprender a falar espanhol, alguns outros Frances. Esta facilidade de aprender estes idiomas pode estar intimamente ligado ao fato de que a língua portuguesa descende diretamente do latin, assim como o espanhol e o Frances.
A linguagem é o elemento através do qual a Filosofia Clínica elabora a Estrutura do Pensamento da pessoa. A linguagem, a maneira como a pessoa fala, estrutura suas frases, é única. Cada pessoa tem um jeito único de unir as palavras e formar uma frase, isso aponta o modo como ela vive o mundo ao seu redor e consigo mesmo. Então, quando uma pessoa fala: “As pessoas são maldosas, temos que ter cuidado”. Provavelmente ela olha para cada um como mau, não diferencia filhos, amigos, irmãos, colegas de trabalho. Se questionada: “Mas todo mundo é mau?” Provavelmente diria: “Não é bem assim, algumas pessoas são boas”.
Mas, por mais que diga que “algumas pessoas são boas”, o que vai em sua mente é que “as pessoas são maldosas”. Agora, se ela mudar a frase para: “Algumas pessoas são maldosas”. Provavelmente ela terá critérios para se aproximar ou selecionar as pessoas boas das maldosas, isso faria com que houvesse dois modos de se relacionar. Um modo de se relacionar com as pessoas boas e outro modo de se relacionar com as pessoas más. Mas o que ocorre, de fato, é que como todos são maus ela se relaciona com todos do mesmo modo.
Mudar a forma como nos apropriamos do mundo passa, também, por modificar o modo como comunicamos o mundo. Em boa parte dos casos ao mudar como comunicamos mudamos também a maneira como o mundo é vivido. Então, quando uma pessoa deixa de usar expressões que colocam “todos no mesmo saco” é provável que ela também se relacione com cada um de modo diferente. Pense, é provável que você tenha muitas expressões que dizem: todos mundo; as pessoas; sempre; nunca; etc. Estas expressões denotam o uso de Termos Universais, ou seja, que não restringem o sujeito, este uso denota um modo de pesnar.
Sugestão, comece a usar expressões como: alguns; algumas; certas; certas ou outras expressões que denotem pessoas específicas. O uso de Termos Particulares ou Singulares aponta as pessoas que são ou a pessoa que é maldosa, mas não todas as pessoas. Selecionar, separar, categorizar, faz com que cada pessoa tenha a relação direcionada de acordo com seu grupo ou sua características específica. Mas, gostaria de lembrar ainda, eu não sou “todo mundo” e também não sou representante de um grupo, eu sou eu, gostaria de ser tratado como você.


Rosemiro A. Sefstrom