Encontro Nacional

Encontro Nacional

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Trilha

A palavra “trilhar” é apresentada nos dicionários ou na internet com vários significados. Neste artigo, seguirei o significado de trilhar como o de “construir um trilho.” O trilho é um caminho pelo qual uma pessoa passou e deixou seus rastros, marcas possíveis de se identificar. A partir de uma trilha ou caminho já percorrido, pode-se caminhar sobre as marcas de outros e chegar onde outros também chegaram. Ao trilhar, no entanto, a pessoa está a abrir novos caminhos, ou seja, construir marcas que serão trilhos para outras pessoas. Há então uma diferença entre trilhar e seguir um trilho: aqueles que trilham são pessoas que abrem caminhos, constroem rumos por onde jamais se havia caminhado. Muitas outras pessoas seguem a trilha ou trilho, caminho já feito, sendo que com boa chance de certeza sabem onde vão chegar percorrendo este caminho.

Muitos iniciam 2014 com a proposta de fazer um ano diferente, novo. É quase uma redundância: o ano é novo. Muitas pessoas iniciaram o ano da mesma forma como iniciaram muitos anos anteriores, seguindo o trilho já percorrido em outros tempos e, ainda assim, esperam resultados diferentes. Não seria necessário, mas é interessante repetir: dificilmente se obterá resultado diferente tendo sempre os mesmos comportamentos. Ao começarem o ano, muitos já no dia primeiro projetavam o retorno ao trabalho, ou seja, eliminaram qualquer possibilidade de estarem ali, no primeiro do ano. Outros, mesmo ali, com um bom champanhe e todas as possibilidades de trilhar nas mãos estavam recuperando o ano vivido. Tanto um quando o outro não estavam vivendo aquele momento com todas as suas possibilidades, estavam para trás ou para frente daquele momento.

Agora, neste momento, enquanto lê, espera algo? Deixou algo para trás? Tanto o passado quanto o futuro tiram da pessoa a possibilidade de trilhar os diversos caminhos possíveis. Agora, neste momento, para onde é possível caminhar? Se você estiver realmente vivendo o agora há um sem número de possibilidades, inumeráveis. Deixar o ano que ficou para trás e deixar o ano que se tem pela frente é a melhor maneira de olhar agora, perceber o momento e tirar dele o máximo que ele tem a oferecer. As possibilidades não estão no futuro, mas no agora, o momento onde todos os caminhos se abrem. Desta maneira posso com boa margem de certeza concluir que a maioria das pessoas não estão aqui e agora, mas lá no passado ou lá no futuro. Essa falta de presença no momento tem implicações muito mais sérias do que se imagina, quem já ouviu um alguém dizer: “Minha vida passou e eu não vi” Onde esta pessoa estava no momento exato em que a vida passava? Muitos viviam o futuro, outros tantos o passado, mas não agora, no momento em que a vida acontece.

Viver o momento não quer dizer fazer o que dá na cabeça, se tornar um descompensado que toma decisões aleatórias. Viver o momento quer dizer seguir o curso de tudo aquilo que foi construído até o momento e perceber que o trilho construído ou percorrido até aqui se abre em tantas direções que é praticamente impossível prever a próxima estação. Trilhar, criar a possibilidade de construir por si mesmo um caminho por ninguém ainda feito, abandonar a segurança de caminhar por cima da pegada de outros não é uma recomendação, nem mesmo bom para todos. Mas muitos filhos poderiam ter vivido muito melhor se resolvessem trilhar seu próprio caminho do que seguir as trilhas dos pais, por exemplo.

Rosemiro A. Sefstrom

Nenhum comentário:

Postar um comentário