Encontro Nacional

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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Dinheiro

Em Filosofia Clínica há um tópico chamado de Autogenia. Neste o filósofo estuda como os conteúdos da pessoa se relacionam e o que geram. No seu caso, caro leitor, a razão pode relacionar-se de maneira equívoca com a emoção e essa relação pode produzir brigas constantes com o namorado (a). O que acontece é que ao mesmo tempo a Estrutura de Pensamento da pessoa afasta e atrai. Explico: enquanto a razão diz que ele não presta, a emoção pede mais. Quando este conteúdo ganha movimento é estudado ainda de outro jeito, apontando ao filósofo quais os caminhos existenciais possíveis para a pessoa a partir de sua autogenia. A uma que está em harmonia interna diz-se que está autogenicamente bem, e nestes momentos tende a vivenciar coisas boas. Ao contrário, quando uma pessoa está em desarmonia interna, as coisas tendem a não andar bem e é provável que esta vai vivenciar coisas ruins de sua vida.
Quando alguém está autogenicamente mal, o ideal é propiciar harmonia interna a partir do que faz bem a ela. Suponha uma pessoa que esteja vivendo um momento difícil, com falta harmonia consigo mesma, só lhe acontecem coisas ruins. Ela vai ao filósofo e a partir do acompanhamento filosófico descobrem que algo que faz com que ela entre em harmonia consigo mesmo é um bom banho de mar. A pessoa já sabia disso, de certa forma até sentia falta de um banho de mar, mas a “falta de tempo” lhe impedia de ir ao mar para este banho. Outras pessoas, ao longo do acompanhamento, descobrem que o que lhes coloca em harmonia são trabalhos manuais como jardinagem, carpintaria, escultura, pintura, enfim. Tudo o que faz bem autogenicamente a uma pessoa é um bom vizinho, ou seja, vizinhos que podem promover harmonia na Estrutura do Pensamento.
Quando uma pessoa começa a perceber os vizinhos que lhes fazem bem pode escolher o que quer ter ao seu lado. Pode selecionar os elementos que quer ter como vizinho, como você que ao longo do seu dia pode escolher como vizinho as preocupações com o futuro, que causam incômodo, ou uma boa xícara de café, que lhe traz harmonia. O problema é que algumas pessoas não se conhecem e selecionam elementos que lhes fazem mal como vizinhos. Em uma aula perguntei aos alunos qual seria um vizinho que lhes traria harmonia interna e um dos alunos respondeu: “Dinheiro”. Segundo ele, o dinheiro traz tranquilidade e outras tantas coisas que lhe trariam harmonia interna. Depois de ouvi-lo atentamente perguntei ao aluno o que o dinheiro trazia consigo e ele não soube responder. Para você: o que o dinheiro traz consigo? Um bom vizinho traz consigo outros bons vizinhos, um mal vizinho traz consigo outros maus vizinhos.
Para algumas pessoas dinheiro é um péssimo vizinho, causa uma desarmonia enorme, traz sofrimento.  Quando isto acontece a Estrutura de Pensamento acaba por inviabilizar as oportunidades em que a pessoa poderia ganhar dinheiro. Assim, eu quero ganhar dinheiro, monto projetos, me esforço e não consigo, mesmo querendo, minha Estrutura de Pensamento, afasta as oportunidades de ganhar o dinheiro. Um exemplo bem prático: havia um amigo que sempre queria ganhar dinheiro, pegava bons trabalhos, iniciava ganhando bem, mas ao ser contrariado pelo chefe dizia: “Só porque ganha mais que eu quer ser mais que eu”. Um de seus valores, a humildade, não combinava com ter dinheiro. Como a humildade era muito mais forte do que ter dinheiro, todas as vezes que teve a possibilidade de ganhar bem, acabava “perdendo” a oportunidade.


Rosemiro A. Sefstrom

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