Encontro Nacional

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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Reificação

Há um autor que é constantemente criticado pelo que produziu, pela maneira como falou a respeito da sociedade capitalista: Karl Marx. Este autor trabalhou com o conceito de Reificação. Para ele esse conceito denuncia a transformação de uma ideia em uma coisa, além de caracterizar a transformação das relações sociais em coisas que podem ser negociadas. Essa relação mercantil entre as pessoas é tida por Marx como uma forma de alienação, entendendo por alienação a dificuldade de a pessoa pensar por ela mesma. Em outras palavras, reificar é pegar uma ideia e torná-la um produto, essa crítica está justamente na coisificação do ser humano.
Partindo desse conceito de reificação, convido o leitor a pensar no atual modelo de vida em que muitos procuram ser um produto a ser comprado. Quando as moças se colocam em “panos novos”, vão às melhores casas de show e procuram pelos pretendentes com maior poder aquisitivo,  elas estão reificando a si próprias. São pessoas que colocaram preço em si mesmas e se tornaram objetos de negócio, se colocam na vitrine e esperam a melhor oferta. Apenas para não ser unilateral, também se pode pensar no menino, que logo que possível compra roupas de marca, frequenta as melhores baladas, algumas vezes ao custo do salário do mês, sendo que todo o gasto com a aparência pode se reverter na “menina dos sonhos”, uma menina que se comprou com uma imagem irreal, sustentada a muito custo.
Não há crime em ser produto e se vender, assim como não há crime em escolher o melhor produto e comprar. A questão é que algumas pessoas se apresentam como produto e querem ser tratadas como gente. Se for vendido, é produto. O comprador também precisa ter em mente que como comprador deve honrar com seus compromissos: a menina comprada deve ser mantida. O menino que comprou tem obrigação de manter, se não tem para manter deve devolver ou repassar a alguém que possa manter. Duro? Não, muitas pessoas têm relação reificante onde se colocam como produto ou comprador. Em tempos atuais podemos perceber na TV, por exemplo, que, tanto produtos quanto compradores se espantam quando são colocados frente a si mesmos. O espanto está em perceber que já não são mais gente, são coisas que tem preço, não valor, mas preço sujeito a lei da oferta e da procura.
Mas, se a relação é boa, se comprador e produto se dão bem e entendem que é uma relação com prazo de validade? Sou eu que vou criticar, dizer que estão errados? Não! Devo apenas lembrar de que comprador (gente) e produto (gente) estão sujeitos ao mercado. Como filósofo digo apenas que Marx previa isso há muito tempo, previa que cedo ou tarde as ideias não seriam mais suficientes, pessoas se tornariam produtos vendáveis. Como lidar com isso? Caso tenha uma filha ou filho, você mesmo, pense um pouco em como está se comportando: como gente ou como produto? Algumas coisas fazem de você produto e lhe atribuem preço, outras características fazem de você gente e lhe dão valor.
Quando uma moça sai de casa para dançar, conhecer os meninos, namorar, e se posiciona diante dos meninos como gente, isso lhe dá valor. Quando a moça sai de casa para ir a uma festa para arrumar um bom partido, fica com quem tem mais ou pode lhe proporcionar o melhor, ela tem preço. O menino que gasta seu salário para ir na melhor balada e ficar com as meninas da classe X é comprador, tem preço. O menino que vai a uma festa de acordo com suas condições, conversa com as meninas, conhece e se aproxima de quem tem a ver com ele, esse tem valor. É apenas uma ilustração da diferenciação entre valor e preço, mas serve de reflexão. Pense se você está reificando a si mesmo como produto ou se dando valor.


Rosemiro A. Sefstrom

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