Encontro Nacional

Encontro Nacional

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Colheita

O que você recebe por aquilo que faz? Quando você leu esta pergunta pensou em que? Pensou no que faz no trabalho, com a família, com os amigos, quando está sozinho? Cada pessoa pelo mundo é infinitamente diferente de qualquer outra, mas muitas pessoas pelo mundo compartilham de uma característica: a necessidade de um retorno pelo que fazem. Estas pessoas, cada uma a seu modo, procuram ao longo da vida e nas mais diversas formas saber qual é o retorno por aquilo que faz, fez ou ainda vai fazer. Este retorno tem o nome de experimentação. A experimentação, em Filosofia Clinica, é concebida como o final de um processo, o resultado de tudo aquilo que é considerado o processo.
Para muitas pessoas a experimentação não existe, são pessoas que tocam a vida olhando somente para a frente, não olham para o presente como o resultado daquilo que fizeram. Estas pessoas não consideram interessante olhar para o passado, uma vez que não se pode separar o que é resultado de suas atitudes, da mão de Deus, da sorte, enfim, de fatores que fogem ao seu controle. Algumas pessoas não aprenderam a medir os resultados dos seus processos e acabam por fazer grandes confusões, atribuindo apenas às coisas ruins como resultantes de sua vida.
Aquelas pessoas que medem, quantificam ou apenas observam os resultados de seus processos fazem de diferentes maneiras. Algumas pessoas medem o resultado de sua vida pelo que têm, são pessoas que ao abrirem os olhos precisam ver bens, saldo bancário, casa na praia, imóveis alugados. A estas pessoas o capital é a medida que usam para saber se os processos que encaminharam em sua vida deram resultado. Isto aparece em frases como: “De que adianta família feliz e passando fome, passei uma vida trabalhando e continuo na mesma”. Na há nada de errado em colher os resultados de sua vida por esse método, mas provavelmente decepcionará a muitos ver que seus processos são menos sofridos e ganharam muito mais.
Outros medem sua existência pelo que se tornaram, são pessoas que colocam a si próprias como medida de resultado de sua vida. A elas interessa saber quem são, para algumas só para si mesmas, outras pessoas precisam que um público as aprove. Há quem viva muito bem sabendo que saiu de uma vida humilde e hoje se tornou um grande empresário, pensador, professor, trabalhador. Para muitos esse “ser” precisa ser dividido, são pessoas que precisam do reconhecimento externo. Como o caso daquele que consegue um título e espera que todos se relacionem com ele por isso. Posso citar o caso de pessoas que dizem: “Você não me conhece? Eu sou o Fulano de Tal, todos me conhecem”. Para estas pessoas o reconhecimento externo é a medida de quem elas são ou conseguiram ser na vida.
Tive a feliz oportunidade de rever o antigo reverendo da paróquia onde morava. Para este padre,  qual seria a experimentação de sua vida? Em Filosofia Clínica não há como saber, precisaria conhecer a história de vida desse sacerdote para saber como ele mede sua vida. Mas, pelo que prega o evangelho, a santidade deste vocacionado não se mede por suas conquistas pessoais e títulos, mas por aquilo que foi capaz de fazer pelos outros. Lembrando que, segundo as Escrituras, a mão direita não precisa saber o que a esquerda está fazendo.  Há, em alguns casos, uma experimentação esperada, como o lucro por um investimento na bolsa, mas não há na vida. Cada um de nós pode medir e ficar feliz com o resultado a que chegou. Alguns vão medir pelas emoções que viveram, como a música interpretada por Roberto Carlos, outros pela fé. Com o que você está medindo?

Rosemiro A. Sefstrom

Nenhum comentário:

Postar um comentário