Encontro Nacional

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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O meu tempo!

Alguns homens nascem e morrem sob o jugo de um cruel senhor, o tempo. Muito antes da revolução industrial o homem encontrava a medida do tempo pelas estações do ano, pelas luas, pelo tempo de preparar a terra e plantar. Algum tempo de depois o ser humano inventa a máquina e da máquina começam as primeiras empresas e das empresas o horário de trabalho, ou seja, uma sequência temporal que tem início meio e fim. A partir de então alguns homens passaram a ser governados por esse senhor, para alguns muito gentil, para outros um carrasco esperando a hora de executar a ordem.
Mas poderíamos pensar sobre a existência do tempo, parece estranho pensar sobre algo que estamos acostumados a respeitar. Alguns filósofos já fizeram este caminho e pensaram a respeito do tempo, elaborando teorias que justificam ou não a existência dele. Kant, um filósofo alemão dizia que o tempo não existe e para provar sua teoria dizia que o tempo é uma questão de adaptação da nossa mente à forma como o corpo recebe às informações do meio. Para ficar mais claro, se ando pela calçada e vejo um pombo comendo milho e ele levanta vôo, para os meus sentidos houve um deslocamento, movimento. Existem ainda outros, como Mctaggart que postula que a sucessão temporal é impossível, uma vez que não temos como apreender algo que vai além da sequência das coisas. Para ele existe somente o antes e o depois de alguma coisa.
Só que as evidências tanto de Kant e Mctaggart são contrariadas por vários outros filósofos que tentaram “resolver” o problema do tempo. Para deixar uma solução proposta, podemos colocar as evidências dos sentidos, ou seja, uma evidência objetiva de que o tempo passa. Por outro lado também temos a evidência subjetiva, ou seja, as vivências pessoais do tempo. Com essa solução posso pensar em uma pessoa que tenha objetivamente 60 anos de idade, mas que subjetivamente tenha apenas vinte anos.
A problemática deste tema se dá quando amarro o meu tempo interno ao tempo externo. Tendo a impressão que o tempo é sempre igual para todas as minhas experiências, negando que tenha muito mais experiência em algumas vivências do que em outras. Se aliar o tempo externo ao tempo interno, estarei negando que possa ser um jovem apaixonado aos 60, assim como um homem experiente aos 20. A minha idade corporal não pode, nem deve determinar o meu tempo interno, deixando que as marcas do tempo no meu corpo façam de mim uma peça de museu.
Cada um tem o seu tempo, uns já passaram dos sessenta anos de idade apenas aos 20, assim como alguns alcançaram a juventude apenas aos 50. Cada flor desabrocha em um tempo diferente, suas emoções podem apenas estar em botão, esperando o tempo certo para florescer. Quando o tempo é medido de fora para dentro o mundo pode se tornar o senhor da vida e regular o meu tempo, dizendo até quando é hora de viver.

Rosemiro A. Sefstrom

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