Encontro Nacional

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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Universais

Há muito tempo atrás tive aulas de inglês. Minha antiga professora dizia que deveríamos pensar em inglês para que assim pudéssemos aprender a falar mais facilmente. Na época tentei entender o que ela queria dizer com “pensar em inglês”, de fato nunca entendi, possivelmente por isso até hoje tenho uma relação conturbada com este idioma. O mesmo raciocínio explica a facilidade que algumas pessoas de língua portuguesa têm de aprender a falar espanhol, ou francês. A facilidade em aprender estes idiomas pode estar intimamente ligada ao fato de que a língua portuguesa descende diretamente do latim, assim como o espanhol e o francês.
A linguagem é o elemento através do qual a Filosofia Clínica elabora a Estrutura do Pensamento da pessoa. A maneira como a pessoa fala, estrutura suas frases, é única. Cada pessoa tem um jeito único de unir as palavras e formar uma frase e isso aponta o modo como ela vive o mundo ao seu redor e consigo mesmo. Então, quando uma pessoa fala: “As pessoas são maldosas, temos que ter cuidado”. Provavelmente ela olha para cada um como mau, não diferencia filhos, amigos, irmãos, colegas de trabalho. Se questionada: “Mas todo mundo é mau?” Provavelmente diria: “Não é bem assim, algumas pessoas são boas”.
Mas, por mais que diga que “algumas pessoas são boas”, o que vai em sua mente é que “as pessoas são maldosas”. Agora, se ela mudar a frase para: “Algumas pessoas são maldosas”, provavelmente ela terá critérios para se aproximar ou selecionar as pessoas boas das maldosas. Isso fará com que existam dois modos de se relacionar, ou seja, um modo de se relacionar com as pessoas boas e outro modo de se relacionar com as pessoas más. Mas o que ocorre, de fato, é que como todos são maus ela se relaciona com todos do mesmo modo.
Mudar a forma como nos apropriamos do mundo passa, também, por modificar o modo como comunicamos o mundo. Em boa parte dos casos, ao mudar como comunicamos mudamos também a maneira como o mundo é vivido. Então, quando uma pessoa deixa de usar expressões que colocam “todos no mesmo saco” é provável que ela também se relacione com cada um de modo diferente. Pense, é provável que você tenha muitas expressões que dizem: todo mundo; as pessoas; sempre; nunca; etc. Estas expressões denotam o uso de Termos Universais, ou seja, que não restringem o sujeito, e este uso denota um modo de pensar.
Como sugestão, comece a usar expressões como: alguns; algumas; certos; certas ou outras expressões que denotem pessoas específicas. O uso de Termos Particulares ou Singulares aponta as pessoas que são ou a pessoa que é maldosa, mas não todas as pessoas. Selecionar, separar, categorizar, faz com que cada pessoa tenha a relação direcionada de acordo com seu grupo ou suas características específicas. Gostaria de lembrar ainda: eu não sou “todo mundo” e também não sou representante de um grupo, eu sou eu, gostaria de ser tratado como ser singular.

Rosemiro A. Sefstrom

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