Encontro Nacional

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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Balança existencial

Hoje pela manhã, conversava com uma moça que dizia ser apaixonada pelo namorado, que ele era tudo o que desejaria num homem; que era um rapaz gentil, educado, atencioso, um namorado que faz uma mulher se sentir realmente amada. Mas, depois de muito elogiar seu amor, ela afirmou não poder mais ficar com ele, porque ele é um mau caráter. No momento não entendi, esperei um pouco mais para compreender o que a moça estava tentando me dizer. Fiquei ouvindo um pouco mais e nada da explicação, ela abriu a vida do rapaz do avesso falando as piores coisas do mundo. Disse que ele era um mentiroso, caloteiro, mulherengo, um homem que mulher nenhuma no mundo iria querer ficar perto. Ainda sem entender nada é feita a pergunta que alguns já devem ter pensado: “Este é o mesmo homem do começo da conversa?” A resposta foi afirmativa, ela falara o tempo todo da mesma pessoa, mas de duas formas totalmente diferentes.
Para entender um pouco o que acontece com esta moça e muitas outras pessoas, pode-se pensar da seguinte maneira: em Filosofia Clínica aprende-se que os conteúdos internos estão conectados uns aos outros das mais variadas formas, mas nem sempre a relação é amistosa. Esses conteúdos internos se encontram todos misturados, não há como separar uma coisa da outra, apenas didaticamente pode ser feito. No caso em questão, o conteúdo das emoções não conversa com o conteúdo da razão. Para entender como funciona na prática é necessário estudar o que é cada conteúdo e está estruturado na pessoa.
O conteúdo das emoções é qualquer estado afetivo como: amor, ódio, prazer, dor alegria, etc. Este material estará presente em cada pessoa de acordo com as suas vivências. Para alguns, a riqueza de experiências afetivas faz delas pessoas muito maduras, ou seja, com bagagem existencial no que diz respeito às emoções. Pessoas que tem este tópico forte são conhecidas por serem emotivas, verem a vida a partir do amor, ódio, alegria e assim por diante. Outras pessoas sofrem o fato de não ter passado por vivências afetivas enriquecedoras. No caso desta moça, ela era uma menina nova e com pouca vivência afetiva, entrando em contato com um homem mais velho, muito vivido emocionalmente. O caso aqui não é a idade sensorial, do corpo, mas a idade emocional da menina e do rapaz com quem namora.
A razão é uma velha conhecida, tida por alguns como a salvaguarda da alma humana, ou seja, sem a qual o homem não é homem. Neste tópico estão localizados os conteúdos que são considerados válidos segundo regras lógicas estabelecidas. Não há, necessariamente, um certo e um errado na vida, mas na lógica há um termo válido e outro que não é válido. Algumas pessoas vivem a vida daqui, com uma análise fria do ponto de vista lógico e só então seguem seus caminhos. Como um empresário que gosta de seu funcionário, mas por meio do aparato lógico percebe que não há mais como manter a empresa com o custo atual e demite. A personagem do texto é vivida no que diz respeito à razão, ela consegue ver tranquilamente o que é ou não válido. Enquanto seu namorado é um homem pouco vivido na razão, não tem destreza no que diz respeito ao raciocínio.
Considerando que, no caso descrito no início do texto, a moça é muito mais crescida racionalmente do que emocionalmente, será que ela deixa o namorado? Neste caso ela continua com ele e continuará até que seu amor por ele acabe ou encontre um conteúdo com mais força do que este para afastá-lo deste homem. É importante entender que isso é assim e será possível compreender porque muitas pessoas vividas se deixam “enganar” por pessoas tão mais jovens. Não é a idade e a experiência que determinam as direções que a pessoa tomará na vida, mas a força que o conteúdo interno tem se levado em conta com toda a Estrutura de Pensamento.

Rosemiro A. Sefstrom

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