Encontro Nacional

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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ideias e ideais

Há um termo que costumeiramente pode ser confundido em clínica. Quando uma pessoa conta sua história, parte do relato dela pode ser dar a partir daquilo que ela pensa, imagina, reflete, ou seja, dados que existem apenas nas suas ideias. Outro conteúdo que também pode estar presente na história de vida são os encaminhamentos existenciais, ou seja, suas buscas. Aparentemente são muito diferentes, mas podem se apresentar de maneira muito parecida e enganar a pessoa que ouve. No dia a dia, pode ser confundido quando uma pessoa apresenta ideias que mostrem uma realidade diferente da que está posta. Quem apresenta essa ideia fica conhecido como quem tem o Ideal de realizar aquilo que prega.
O primeiro termo apresentado foi ideia, mas o que seria uma ideia para a filosofia? O termo ideia, segundo livros e sites, pode ser usado como o sinônimo de conceito ou como uma expressão que denuncia uma intencionalidade. Em sua raiz Grega a palavra ideia vem de eidos e quer dizer imagem, essa palavra despertou ainda uma controvérsia entre Platão e Aristóteles e por fim gerou o conceito de representação. Fazendo um pequeno resumo, pode-se dizer então que a ideia é uma imagem de algo real, isso gera a minha representação. Pode-se dizer isso de várias maneiras, mas acredito que essa seja a que mais se identifica com a Filosofia Clínica.
O outro termo é ideal, essa palavra que significa aquilo que se aspira, é uma perfeição que o espírito imagina, mas não pode alcançar, ou ainda, aquilo que só existe na ideia: imaginário. Um ideal pode ser definido como uma ideia perfeita não realizável. A pessoa pode ao longo da vida imaginar o casamento perfeito, dizer como ele seria, mas nunca alcançá-lo. O fato de não alcançar o casamento ideal, entre outras coisas, pode denunciar que este casamento é tratado de forma ideal, ou seja, não atingível. A pessoa coloca o casamento como um horizonte, de modo que, quanto mais ela anda, mais ele se afasta dela, ela jamais chegará a viver o casamento ideal.
Mas há uma diferença entre a ideia e o ideal: dentro das ideias pode não haver ideais. No entanto, sempre haverá ideias dentro dos ideais, uma vez que sempre que a pessoa elaborar uma imagem mental daquilo que tem por ideal está elaborando uma ideia. Agora que temos clara a diferença entre ideia e ideal, vamos diferenciar um ideal de uma busca. Uma busca é algo que a pessoa tem como objetivo, ou seja, aquilo que ela quer. Todo o querer é tido como uma busca, desde o querer mais próximo até os mais distantes, sabendo que alguns deles são relevantes e outros nem tanto na história de vida da pessoa.
Quais são seus ideias? Onde eles estão? Para muitas pessoas, mesmo tendo em suas mentes seus ideais, elas não buscam. Você deve conhecer algum profissional que diga como seria o profissional perfeito em sua área, mas que ele mesmo não tem a menor intenção de ser esse profissional. Assim como algumas pessoas também sabem como seria o mundo perfeito, mas elas não têm a menor intenção, ou seja, não está nas suas buscas as práticas que fariam deste mundo um lugar melhor.
Por isso, cuidado com pessoas com lindos ideais, estas podem ter apenas os ideais e não fazerem aquilo que é necessário para caminhar nesta direção. Para as empresas isso é ainda mais complicado, pois estas pessoas apresentam ideais lindos, a empresa ficará perfeita. No entanto, todas as práticas mostram que suas buscas estão em outra direção. Na vida, seus ideais são suas buscas ou apenas ideias que vagueiam e são ditas da boca para fora?

Rosemiro A. Sefstrom 

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