Encontro Nacional

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segunda-feira, 10 de março de 2014

Os três poderes

Em Filosofia Clínica, o trabalho consiste em conhecer a história de vida da pessoa e, através dessa história, encontrar o seu modo de ser no mundo. Quando um filósofo clínico compreende o modo de ser no mundo de cada pessoa ele acaba por descobrir que ela tem conteúdos que lhe são determinantes. Os conteúdos determinantes podem ser emoções, lembranças, questões lógicas, questões de fé, assim será para cada um conforme sua história de vida. Conforme cada pessoa e cada situação, seus conteúdos determinantes norteiam a direção existencial da pessoa, orientando o filósofo clínico para o que precisa fazer.
Antes de aprofundar as questões referentes ao tópico determinante, vale lembrar um filósofo francês chamado Charles de Montesquieu. Esse filósofo viveu entre os anos de 1689 e 1755, bem nascido, com a morte de seu tio, herdou imensa fortuna e o título de Barão. Montesquieu se tornou ao longo da vida um crítico determinado e bem fundamentado contra do absolutismo. O absolutismo monárquico é uma forma de governo na qual o monarca (rei) concentra todos os poderes, tudo é decidido por ele. Um famoso rei que ficou quase que como símbolo do absolutismo foi Luiz XIV, que ao ser perguntado sobre quem seria seu primeiro ministro disse: “O Estado sou eu”.
Durante o período das monarquias absolutistas o povo pagava a conta dos luxos vividos pela corte, tanto na França quando na Inglaterra. Como o rei tinha poderes absolutos, durante um longo período a população não participou das decisões políticas que se davam no parlamento. Este também era fechado pelos reis para garantir que ninguém lhes poderia tolher a liberdade de decidir sobre o povo. Esse poder absoluto que os reis tinham e os gastos cada vez maiores levaram a França à falência. Pelas mãos de um único homem, por suas vontades e caprichos, se governava um país e, justamente por isso, este país quebrou.
Pelo pensamento de Montesquieu surge a ideia de dividir o poder dos reis em três, segundo ele, somente assim não haveria como se tomar decisões que só beneficiariam um lado. Ele propôs a forma de governo que tem o legislativo, executivo e o judiciário; essa forma de governo divide o poder e evita desmandos.
Algumas pessoas, quando o filósofo examina suas histórias de vida, percebe que possui tópicos determinantes que são como reis absolutistas. Tópicos que simplesmente comandam a vida da pessoa sem que ela se dê conta e mesmo quando percebe, algumas vezes nada consegue fazer. Segundo estas pessoas a “vontade” ou o “impulso” é mais forte, não se pode resistir aos mandos e desmandos desse tópico. O pior de tudo é que, às vezes, para determinada situação nem é o melhor tópico para aquele momento, aquela situação.
Uma situação corriqueira que pode mostrar muito do que está acima é a época das compras de Natal. Algumas pessoas saem de casa racionalmente cientes de que não podem gastar mais do que certo valor, mas quem manda em suas vidas é a emoção e esta, por sua vez, é bastante traiçoeira. A pessoa chega na loja, vê e gosta do produto, sabe que não pode comprar, mas mesmo assim compra. Depois passa dias sem dormir porque não sabe o que vai fazer para pagar, a emoção para ela foi absoluta, não deveria ou poderia, mas foi.

Rosemiro A. Sefstrom

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